Os presidentes Donald Trump e Lula, durante reunião na Malásia, em 26 de outubro (Ricardo Stuckert/PR)
Repórter de internacional e economia
Publicado em 21 de novembro de 2025 às 11h23.
Última atualização em 21 de novembro de 2025 às 15h01.
A retirada de tarifas de importação sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, beneficia cerca de 37% do total de produtos que o país vendeu aos americanos em 2024, segundo cálculos feitos pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham) e pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No entanto, 62,9% dos produtos ainda estão sujeitos a taxas extras. Veja os dados a seguir, calculados pela CNI. Os valores se referem ao total de mercadorias de cada categoria exportados em 2024.
Divisão entre os itens ainda atingidos por tarifas:
Inicialmente, a Amcham havia divulgado que o total de produtos isentos equivaleria a 44% das exportações, mas depois o dado foi revisado. A Amcham avalia que 37,3% dos itens exportados pelo Brasil aos EUA ficaram isentos das tarifas criadas neste ano.
“Setores muito relevantes, como máquinas e equipamentos, móveis e calçados, que tinham os EUA como principais clientes externos, ainda não entraram na lista de exceções. O aumento das isenções é um sinal muito positivo de que temos espaço para remover as barreiras para outros produtos industriais. Esse é nosso foco agora”, diz Ricardo Alban, presidente da CNI.
As tarifas de Donald Trump foram impostas de várias formas. Primeiro, ele estabeleceu uma taxa extra geral, de 10%, em abril, para todos os países, que chamou de tarifas recíprocas.
Em seguida, em agosto, ele colocou uma tarifa extra de 40% ao Brasil, ao acusar o país de prejudicar a economia dos EUA e de perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro. Com isso, o país passou a ter uma taxa de 50% para a maioria de seus produtos. Já naquele momento, houve isenções, para itens como aviões e petróleo.
Em setembro, os presidentes Lula e Trump se aproximaram, durante a Assembleia-Geral da ONU, e iniciaram conversas para reduzir as taxas.
Nas últimas semanas, Trump começou a retirar as tarifas. Primeiro, em 14 de novembro, ele suspendeu a taxa de 10% sobre uma série de produtos, incluindo carne e café, para todos os países.
Agora, em 20 de novembro, ele removeu a tarifa de 40% sobre mais de 200 itens exportados pelo Brasil, o que anula os efeitos do tarifaço deste ano para estes itens. A lista inclui carne, café, frutas, castanhas e vários outros produtos agrícolas (veja mais ao fim do texto).
Assim, estes produtos brasileiros voltam a pagar as taxas cobradas antes do governo Trump. A carne, por exemplo, volta aos 26%, tendo chegado a 76%, com os adicionais de 10% e de 40%.
"A medida representa um avanço importante rumo à normalização do comércio bilateral, com efeitos imediatos para a competitividade das empresas brasileiras envolvidas e sinaliza um resultado concreto do diálogo em alto nível entre os dois países", diz a Amcham, em nota.
"Ao mesmo tempo, a Amcham reforça a necessidade de intensificar esse diálogo entre Brasil e Estados Unidos, com o objetivo de estender a eliminação dessas sobretaxas aos demais produtos ainda impactados — com destaque para bens industriais — e de aprofundar a cooperação bilateral em temas de interesse mútuo", defende a entidade.
A lista de itens isentos agora inclui:
- Café verde e torrado, chá verde e preto e mate
- Carne bovina
- Frutas frescas, congeladas e processadas, como laranja, abacaxi, banana, manga e açaí
- Cacau e derivados
- Temperos (pimenta, gengibre, canela)
- Sucos e polpas de frutas
- Mandioca, batata e raízes/tubérculos
Alguns produtos que ainda seguem com taxa
- Calçados
- Café solúvel
- Máquinas
- Mel
- Móveis
- Pescados
Produtos que já haviam sido isentos em ordens anteriores
- Aeronaves e peças
- Petróleo e combustíveis
- Polpa de madeira e celulose
- Fertilizantes
- Metais preciosos