Agência de notícias
Publicado em 14 de abril de 2024 às 08h08.
Última atualização em 14 de abril de 2024 às 09h33.
Após realizar um atque de drones e mísseis balísticos contra Israel, o Irã advertiu os EUA a não se envolver, afirmando tratar-se de uma questão entre os dois países. O regime de Teerã disse ainda que o ataque "encerra" uma situação iniciada por Israel com o ataque ao consulado iraniano em Damasco no início de abril, atribuído a Israel. O regime afirma ainda que "o ataque será maior" se Israel retaliar. É o primeiro ataque direto que o Irã lança do próprio território contra Israel.
"Conduzida com base no Artigo 51 da Carta das Nações Unidas relativo à legítima defesa, a ação militar do Irã foi em resposta à agressão do regime sionista contra as nossas instalações diplomáticas em Damasco. O assunto pode ser considerado concluído. Contudo, se o regime israelense cometer outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa. É um conflito entre o Irã e o criminoso regime israelense, do qual os EUA DEVEM FICAR DE FORA!", disse a missão permanente do Irã nas Nações Unidas em uma nota publicada na rede social X (antigo Twitter).
Aliados de longa data, os EUA reforçaram o apoio a Israel após os ataques, com o presidente Joe Biden, que voltou às pressas do estado de Delaware para Washington, se reunindo com sua equipe de segurança nacional durante a noite para discutir a escalada do conflito no Oriente Médio. Segundo Biden, o compromisso da Casa Branca com a segurança de Israel é "inabalável". Mais cedo, a Casa Branca já havia divulgado uma nota em consonância com a declaração do presidente.
Biden chegou a falar por telefone com o premier de Israel, Benjamin Netanyahu, embora os detalhes da conversa ainda não tenham sido divulgados.
Por sua vez, a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã emitiu uma segunda declaração alertando os EUA contra o apoio a Israel. De acordo com a rádio do Exército israelense, Washington e Londres foram responsáveis por interceptar cerca de 100 drones antes que chegassem ao território iraniano.
"Advertimos o governo terrorista dos Estados Unidos que qualquer apoio ou participação no ataque aos interesses do Irã terá uma resposta feroz das Forças Armadas do Irã", diz a nota.
Analistas apontam que a linguagem escolhida pela diplomacia iraniana guarda componentes de ameaça, mas também de evitar uma escalada imediata, apesar do número de equipamentos militares empregados no ataque contra Israel.
"O Irã tenta diminuir a situação, porque os EUA e o Reino Unido já estão envolvidos, por isso declaram que esta é uma guerra limitada apenas contra nós. Na prática, o Irã declarou guerra a Israel. Mas os iranianos anunciaram agora que "encerraram o assunto". Isto não significa que seja esse o caso, significa apenas que eles têm medo de uma reação americana, israelense e de outros países aliados. A partir do momento em que “pegam a estrada” as decisões não estão (só) nas suas mãos", disse a ex-diplomata israelense Revital Poleg, colaboradora do Instituto Brasil-Israel (IBI).
O cientista político André Lajst, presidente da StandWithUs Brasil, também avaliou como improvável que o ataque iraniano encerre as hostilidades entre os dois países, apontando para um efeito inverso, de prolongamento da disputa direta com Teerã. Ele também analisa que o ataque alivia o isolamento israelense na comunidade internacional por legitimar uma reação à nova ameaça.
"O que o Irã fez vai obrigar uma resposta israelense na mesma medida, que é uma medida muito alta, considerando o ataque de centenas de drones e mísseis contra Israel. Não tem como passar em branco, como se a resposta iraniana ao suposto ataque contra a embaixada na Síria fosse algo aceitável, que Israel ia conseguir absorver sem responder". disse Lajst. "O Irã nunca atacou Israel diretamente na História, mesmo com os vários problemas entre os países desde a revolução islâmica, isso pode desencadear uma resposta israelense".