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Invasão ao Capitólio foi tentativa de golpe e teve Trump como líder, afirma comissão

As conclusões iniciais foram apresentadas em uma audiência pública promovida pela comissão nesta quinta-feira

Invasão no Capitólio: Vídeos e depoimentos foram apresentados pelos membros como evidências da ameaça e da atuação de Trump como líder (James Devaney / Colaborador/Getty Images)

Invasão no Capitólio: Vídeos e depoimentos foram apresentados pelos membros como evidências da ameaça e da atuação de Trump como líder (James Devaney / Colaborador/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de junho de 2022 às 10h36.

A invasão no Capitólio dos Estados Unidos no dia 6 de janeiro foi uma tentativa de golpe de Estado com liderança de Donald Trump, segundo as conclusões iniciais da comissão americana que investiga o caso. O presidente da comissão, Bennie Thompson (Democrata), disse nesta quinta-feira, 9, que o ataque colocou "dois séculos e meio de democracia em risco" e que Trump liderou "uma conspiração de várias etapas com o objetivo de derrubar o governo eleito".

As conclusões iniciais foram apresentadas em uma audiência pública promovida pela comissão nesta quinta-feira. Vídeos e depoimentos foram apresentados pelos membros como evidências da ameaça e da atuação de Trump como líder. A comissão pretende reconstituir o que aconteceu no episódio."Não podemos varrer o que aconteceu para debaixo do tapete", afirmou Thompson.

Um dos vídeos exibe dois manifestantes, Enrique Tarrio, líder do grupo de extrema direita Proud Boys, e Stewart Rhodes, líder de outro grupo extremista, se articulando para o ato na véspera. Outro mostra que os líderes do Proud Boys saíram do comício de Trump perto da Casa Branca no dia 6 mais cedo. Na conclusão dos investigadores, eles aparentemente saíram para explorar as defesas policiais antes da invasão.

Já entre os depoimentos apresentados, está o de membros do Proud Boys que dizem à comissão que a declaração de Trump de que o grupo deveria "levantar e ficar de pé", feita durante um dos debates presidenciais de 2020, fez triplicar o número de participantes.

Outros depoimentos relevantes apresentados são do ex-procurador-geral William Barr e do porta-voz e assessor de longa data de Trump, Jason Miller. Barr conta que disse a Trump que as alegações de fraude nas eleições americanas eram "absurdas". Já Miller diz ter presenciado um analista de dados informando o ex-presidente de maneira vaga que ele iria perder a eleição.

A vice-presidente da comissão, Liz Cheney (Republicana), concluiu que Trump convocou e reuniu a multidão para "acender a chama deste ataque". "Donald Trump se foi, mas sua desonra permanecerá", acrescentou.

A audiência pública desta quinta-feira abre uma série de pelo menos seis audiências transmitidas na televisão americana. Segundo a comissão, ela representa uma visão geral para lembrar aos espectadores o significado e a magnitude da invasão ao Capitólio e a culpa do ex-presidente, que continua a desinformar os apoiadores ao seguir com a narrativa de que ele foi roubado nas eleições.

O democrata Bennie Thompson disse que "o mundo está assistindo" a resposta dos EUA ao ataque. A invasão no Capitólio resultou em cinco pessoas mortas e mais de 100 policiais feridos e significou uma mancha na história política dos EUA. Desde a Guerra Civil, o país jamais havia fracassado em realizar uma transferência de poder pacífica, e nenhum candidato jamais havia contestado resultados de uma eleição diante de tanta evidência de que a votação fora livre e justa.

A investigação da invasão é feita por uma comissão do Congresso, criada há 11 meses e que ouviu centenas de testemunhas e se debruçou sobre vídeos e milhares de documentos.

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