Inflação é prioridade para eleitores nos EUA
A dez dias dessas eleições que definem o controle do Congresso, hoje nas mãos do Partido Democrata, a inflação é a prioridade para quase metade dos americanos (46%)
AFP
Publicado em 28 de outubro de 2022 às 15h28.
Gasolina, ovos, ou casas: os preços dispararam nos Estados Unidos, e a inflação é a principal preocupação dos eleitores para as eleições de meio de mandato de 8 de novembro, muito à frente do aborto, controle de armas, ou mudança climática.
A preocupação com os preços persiste. O Índice de Preços ao Consumidor (PCI, na sigla em inglês) marcou 8,2% nos 12 meses até setembro, enquanto o índice PCE — mais usado para aposentadoria e o favorito do Federal Reserve (Fed, Banco Central americano) — marcou 6,2%.
A dez dias dessas eleições que definem o controle do Congresso, hoje nas mãos do Partido Democrata, a inflação é a prioridade para quase metade dos americanos (46%), ante pouco mais de um terço (37%) há um mês, de acordo com uma sondagem do Instituto de Pesquisa da Universidade de Monmouth de meados de outubro.
Isso "pode se traduzir em republicanos mais entusiasmados e democratas menos motivados", afirmou o diretor do instituto, Patrick Murray.
Alimentação
Os preços dos produtos alimentícios, em restaurantes ou nos supermercados, subiram 11,2% em relação a setembro de 2021. Até mesmo fazer um bolo custa muito mais caro do que há um ano: os ovos subiram 30,5%; a manteiga, 44%; e a farinha, 24,2%.
Até o peru do Dia de Ação de Graças, tradicional feriado para as famílias americanas, em novembro, será muito mais caro este ano, exemplifica David Ortega, professor da Michigan State University.
"Nos Estados Unidos, os consumidores gastam, em média, 10% da renda disponível em alimentação. E 20% das famílias mais pobres gastam 25%, e até mais, em alimentação", detalhou.
Trata-se, também, de "aumentos que as pessoas sentem todos os dias", o que "definitivamente coloca a inflação em primeiro plano entre os consumidores", às vésperas das eleições.
Transporte
O carro é, em geral, item indispensável nos Estados Unidos. Com a disparada dos preços dos carros novos e usados, assim como da gasolina, porém, o orçamento para com transporte aumentou desde o início da pandemia.
Os preços dos carros usados subiram 37,3%, em 2021, e continuam subindo (7,2% entre setembro de 2021 e setembro de 2022). A gasolina custa 18,8% a mais do que há um ano. Os preços das passagens aéreas subiram 42,9% em setembro, em relação ao mesmo mês de 2021.
A inflação pode desempenhar um papel preponderante na eleição, diz Farrokh Langdana, professor de Finanças e Economia da Rutgers Business School, em Nova Jersey.
"Se você tem menos de 40 anos, até mesmo menos de 50 anos, nunca viu inflação nos Estados Unidos antes", lembra ele.
A eleição verá "a questão do aborto impulsionada pelos democratas, e a inflação, um tema republicano", destacou Langdana, que critica ainda o erro de comunicação dos partidários do presidente Joe Biden, já que o tema-chave "é o preço do petróleo, e os democratas gostariam de voltar (a agenda) para o aborto".
Moradia
O custo da habitação era 6,7% mais alto em setembro do que no ano passado na mesma época. Essa alta diz respeito tanto aos aluguéis quanto aos custos relacionados a ter a propriedade de uma casa.
Os preços dos imóveis atingiram uma alta histórica em junho, depois de subirem fortemente nos últimos dois anos, disse o chefe de estratégia de investimentos da CFRA, Sam Stovall.
Além disso, as taxas de juros dos empréstimos hipotecários, que não param de subir desde o início do ano pelos aumentos de juros decididos pelo Fed, passaram de 7%, um teto em mais de 20 anos nos Estados Unidos.
Assim, a taxa média de um empréstimo a 30 anos a taxa fixa, o mais comum para adquirir imóveis nos Estados Unidos, situa-se nos 7,08%, um máximo desde abril de 2002, de acordo com dados divulgados na quinta-feira (27) pelo grupo de refinanciamento Freddie Mac, uma referência no ramo.
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