Mundo

Índia condena guru a 20 anos de prisão por estupro

Gurmeet Ram Rahim Singh é um líder espiritual de 50 anos, chefe da seita Dera Sacha Sauda, que foi acusado de estuprar duas mulheres

Protestos a favor do guru: diversos adeptos da seita fizeram protestos na semana passada a favor do líder (Ajay Verma/Reuters)

Protestos a favor do guru: diversos adeptos da seita fizeram protestos na semana passada a favor do líder (Ajay Verma/Reuters)

A

AFP

Publicado em 28 de agosto de 2017 às 16h03.

A Justiça indiana condenou o influente guru Gurmeet Ram Rahim Singh a 20 anos de prisão, nesta segunda-feira (28), por estupro - anunciaram autoridades, depois de o advogado de uma das duas vítimas ter informado que a pena seria de dez anos de reclusão.

O Escritório Central de Investigação (CBI, na sigla em inglês) e a Polícia local esclareceram que a condenação é de 20 anos, sendo "dez por cada caso", declarou à AFP o porta-voz do CBI, RK Gaur.

A sentença foi anunciada alguns dias depois de milhares de seguidores do guru terem espalhado o terror na semana passada em várias cidades do norte do país, incendiando dezenas de veículos e provocando confrontos. Pelo menos 38 pessoas morreram nesses episódios.

A escalada de violência começou depois que a Justiça declarou seu líder culpado de violentar duas mulheres em 2002.

Durante mais de quatro horas, tanto a comunidade política quanto a imprensa indiana mencionavam uma pena de dez anos de prisão, que parece ter derivado de uma confusão durante a leitura da sentença pronunciada a portas fechadas.

"Talvez tenha havido um erro de comunicação" por parte das pessoas presentes na audiência, indicou à AFP Abhishek Dayal, outro porta-voz do CBI.

Um impressionante dispositivo de segurança foi mobilizado em Rohtak (estado de Haryana), onde o guru está detido, a fim de evitar uma nova onda de violência como a de sexta-feira.

O primeiro-ministro Nerendra Modi condenou a violência, mas seu partido, o BJP (Partido Popular Indiano), que também governa Haryana, foi criticado por não ter antecipado os distúrbios.

As redes de telefonia móvel e de Internet foram bloqueadas e controles policiais foram estabelecidos nas estradas.

"Se a situação exigir o uso de armas de fogo, meus oficiais têm total liberdade para decidir", declarou a uma rede de televisão o chefe da Polícia de Rohtak.

À tarde, não havia sido registrado nenhum incidente grave.

Pode haver mais vítimas

O líder espiritual de 50 anos é o chefe da seita Dera Sacha Sauda e garante ter mais de 50 milhões de adeptos no mundo.

O caso veio à tona quando o ex-primeiro-ministro Atal Biahri Vajpayee recebeu um e-mail anônimo, no qual uma mulher acusava o guru de tê-la estuprado, bem como a outras mulheres da seita.

O CBI levou anos para encontrar as supostas vítimas, que apresentaram queixa apenas em 2007.

Utsav Singh Bains, o advogado das vítimas, diz que pode haver dezenas de outros casos de abusos contra mulheres na seita.

"Estimamos que houve pelo menos mais 48 vítimas que foram agredidas sexualmente e que teriam morrido, ou teriam muito medo de romper o silêncio", disse Bains por telefone à AFP.

Não é a primeira vez que Gurmeet Ram Rahim Singh se encontra no centro de uma polêmica. Em 2015, foi acusado de ter incitado 400 de seus seguidores a se submeterem a uma castração para se aproximarem de Deus. Também foi processado no âmbito do assassinato de um jornalista, em 2002.

Acompanhe tudo sobre:EstuproÍndiaReligião

Mais de Mundo

Com Itália envelhecida, projeto quer facilitar ida de imigrantes para trabalhar no país; entenda

Premiê de Bangladesh cancela viagem ao Brasil após protestos em massa

Supremo de Bangladesh anula cotas de emprego que geraram protestos com mais de 100 mortos

Coreia do Norte lança mais balões de lixo e Seul diz que tocará k-pop na fronteira como resposta

Mais na Exame