Índia celebra 72 anos de independência com Caxemira sob tensão
No início do mês, a Índia suspendeu o estatuto especial que garantia a autonomia dos dois terços de território que possui na região da Caxemira
Da Redação
Publicado em 15 de agosto de 2019 às 06h38.
Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 06h47.
Para a Índia , os conflitos pela região da Caxemira se confundem com sua própria história enquanto nação. Nesta quinta-feira, 15 de agosto, o país irá celebrar 72 anos de independência do antigo império Britânico. De lá para cá, muita coisa mudou na Índia e no o resto do mundo, mas a disputa pelo controle dos territórios da Caxemira alcança um pico de tensão inédito nos últimos anos.
No início do mês, o país suspendeu o estatuto especial que garantia a autonomia dos dois terços de território que possui na Caxemira. Na outra mão, o vizinho Paquistão diz considerar a medida “ilegal” e promete revidar, acirrando o conflito de sete décadas.
Até 1947, a Índia e o Paquistão formavam um único bloco territorial que estava sob o domínio do império Britânico. Com o fim da Segunda Guerra mundial, os ingleses passaram a perder seus domínios na África e na Ásia, o que possibilitou a criação dos dois países.
A divisão mal pensada deixou conflitos culturais entre os estados que estavam nascendo. Enquanto a religião predominante na Índia é o hinduísmo, no Paquistão os muçulmanos são a maioria.
Localizada exatamente no limite dos territórios da Índia e do Paquistão, a região da Caxemira passou a ser disputada por ambos os países. Já em 1947, aconteceu a primeira guerra pelo distrito. Desde então, os embates persistiram, proporcionando novas guerras nos anos de 1965 e 1971.
Atualmente, dois terços da Caxemira são administrados pela Índia e um terço pelo Paquistão, rivais históricos.
A decisão indiana de cercear a autonomia do território que administra e submetê-la ao controle total do país inflamou novamente os ânimos na região que é cenário de uma insurreição separatista e cujo território é reivindicado pelo Paquistão.
A Índia também determinou o corte das redes de comunicação local para evitar motins. Segundo informações do governo indiano, após as comemorações desta quinta-feira, a ideia é suavizar as restrições na região, como flexibilizar o toque de recolher que foi instaurado.
A suspensão do acesso a linhas de telefone e internet deve ser mantidas, entretanto. “Não queremos oferecer ao inimigo estas ferramentas de comunicação antes que as coisas fiquem tranquilas” disse o governador da área, Satya Pal Malik, sobre movimentos separatistas.
Como resposta, o Paquistão diz que “nenhuma medida unilateral do governo indiano pode modificar o estatuto” da região e que “o Paquistão fará tudo o que estiver a seu alcance para contra-atacar as medidas ilegais”. O histórico do conflito indica que se 72 anos não foram suficientes para encerrar as disputas, uma solução definitiva tampouco está no radar.