Menina no Sudão do Sul: "governo quer que os israelenses tenham medo de nós e que não se aproximem", afirmou hoje representante do movimento de protesto (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2014 às 13h04.
Jerusalém - Milhares de imigrantes eritreus e sudaneses continuaram nesta terça-feira, pelo terceiro dia consecutivo, com as manifestações em Israel para protestar pelo tratamento que recebem no país e exigir a condição de "refugiados políticos".
"O governo quer que os israelenses tenham medo de nós e que não se aproximem. Somos seres humanos, queremos que nos acolham, que nos olhem como seres humanos e que nos respeitem", afirmou hoje um dos representantes do movimento de protesto ao jornal "Yedioth Ahronoth".
De acordo com o porta-voz, o governo israelense deforma a realidade ao dizer que eles não são "refugiados", em referência a declarações do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que os descreveu como "gente que está violando a lei".
Mais de 60 mil africanos entraram em Israel de 2006 a 2012 cruzando a Península do Sinai, no Egito, e reivindicam o status de "refugiado político", o que não foi concedido pelo governo.
No domingo, dezenas de milhares marcharam pelas ruas de Tel Aviv e ontem houve uma grande manifestação em frente às principais embaixadas ocidentais. Além disso, 150 detidos na prisão de Saharonim iniciaram uma greve de fome até que suas solicitações de asilo sejam revisadas.
Os solicitantes de asilo eritreus e sudaneses pedem também a anulação da recente reforma da Lei de Prevenção da Infiltração.
Esta lei, emendada em dezembro do ano passado, permite o encarceramento durante um ano de quem não tiver em ordem os papéis, e depois a detenção "indefinida" em centros de internamento chamados por alguns de "prisões abertas".
Israel procura há anos uma forma de repatriar os emigrantes, mas a situação de crise no Egito torna isso impossível.
O Ministério israelense do Interior assegurou hoje que dezenas de imigrantes partiram para a Suécia recentemente após aderirem a um programa do governo que concede US$ 5 mil em troca do compromisso de que não retornarão, segundo o jornal "Haaretz".