Presidente palestino Mahmoud Abbas: o presidente da ANP louvou a firmeza do povo palestino frente ao ataque israelense (Mohamad Torokman/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2012 às 17h01.
Jerusalém - Três líderes dos grupos islamitas palestinos Hamas e Jihad Islâmica transmitiram nesta quinta-feira por telefone ao presidente da ANP e líder do Fatah, Mahmoud Abbas, seu apoio à reivindicação na ONU do reconhecimento da Palestina como Estado-observador no próximo dia 29, segundo a agência oficial "Wafa".
O chefe do governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, ligou hoje para Abbas para informar-lhe da situação na Faixa, após o cessar-fogo estipulado ontem entre Israel e as milícias palestinas para pôr fim a oito dias de ofensiva que causou a morte de 164 palestinos e seis israelenses.
Abbas também recebeu ligações de outro destacado dirigente do Hamas, o vice-presidente do Parlamento, Ahmad Bahr, e do líder da Jihad Islâmica, Mohammed al Híndi, segundo a "Wafa", agência oficial da Autoridade Nacional Palestina (ANP).
O presidente da ANP louvou a firmeza do povo palestino frente ao ataque israelense e reiterou a necessidade de alcançar um acordo de união nacional entre as distintas facções que ponha fim à existência de dois governos paralelos: um em Gaza, do Hamas, e outro na Cisjordânia, do Fatah.
No próximo dia 29 a Assembleia Geral da ONU votará uma proposta de Abbas para o reconhecimento da Palestina como Estado observador.
Ao contrário do ano passado, quando o Conselho de Segurança rejeitou a reivindicação de reconhecimento da Palestina como Estado de pleno direito, o "sim" da Assembleia é considerado quase garantido nesta ocasião.
A Palestina obteria assim um status similar ao do Vaticano, que lhe permitiria o acesso a várias agências das Nações Unidas e a tribunais internacionais.
Se a informação da agência oficial da ANP for confirmada, seria a primeira vez que o Hamas e a Jihad Islâmica apoiam as iniciativas de Abbas na ONU.
O recurso ao Conselho de Segurança no ano passado foi duramente criticado pelas milícias e a iniciativa perante a Assembleia foi qualificada no final do setembro por Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, de "passo isolado" que "não terá nenhuma repercussão política".
O governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, estuda diversas medidas de represália contra os palestinos, caso estes finalmente recorram à ONU.
Ontem, no encontro que mantiveram na cidade de Ramala, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu de novo a Abbas que recue em sua iniciativa, proposta que este não aceitou, segundo informou a "Wafa".