Guiné-Bissau exige de Portugal extradição de ex-premiê
Guiné-Bissau, além disso, acusa Portugal e à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pelo ataque, que deixou pelo menos sete mortos
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2012 às 15h39.
Bissau - O governo de Guiné-Bissau exigiu nesta terça-feira que Portugal - sua antiga metrópole colonizadora - extradite o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, que se encontra exilado em Lisboa e é acusado de envolvimento no ataque de domingo passado contra o quartel militar dos "Boinas Vermelhas" no país africano.
"O governo de transição (de Guiné-Bissau) reivindica do governo de Portugal a extradição urgente do ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, acusado de envolvimento no ataque contra a base dos "Boinas Vermelhas", disse em declarações aos meios de comunicação o porta-voz do governo, Fernando Vaz.
Guiné-Bissau, além disso, acusa Portugal e à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) pelo ataque, que deixou pelo menos sete mortos, na maioria membros do comando responsável pela investida.
Por outro lado, dois dos líderes políticos que condenaram o golpe de Estado de 12 de abril, que levou o atual governo ao poder, foram sequestrados, torturados e abandonados na selva entre as localidades de Quinhemel e Canchungo, informaram à Agência Efe fontes familiares.
Yancuba Djola Indjai, o secretário-executivo da frente contra o golpe de Estado e também líder do Partido Socialista e do Trabalho (PST) e Sylvestre Alves, presidente do Movimento Democrático Guineense (MDG), foram encontrados por motoristas, e ambos estão internados em hospitais da capital.
Várias organizações condenaram as prisões arbitrárias e o que consideraram um ajuste de contas principalmente contra os antigos dirigentes do regime derrubado.
As principais avenidas de Guiné-Bissau estão hoje sob controle dos militares, que continuam buscando ativamente os autores do ataque contra o quartel dos "Boinas Vermelhas".
O atual governo de Guiné-Bissau tomou o poder no mês de abril deste ano, enquanto o país - um dos mais pobres do mundo - se encontrava em pleno processo eleitoral para realizar o segundo turno das eleições presidenciais.
Os responsáveis pelo golpe garantiram na época que atuavam contra um suposto "acordo secreto" entre Guiné-Bissau e Angola - que enviou 200 soldados para ajudar na reforma do Exército guineense - que ameaçava a soberania nacional.
Os golpes de Estado militares na ex-colônia portuguesa foram uma constante nos últimos anos e refletem a instabilidade política do país, que se transformou em um importante ponto de passagem do tráfico de drogas que chega à Europa procedente da América Latina.