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Guiné-Bissau, economia marcada pelo narcotráfico e golpismo

Golpe de Estado de abril de 2012 e sua consolidação como escala do narcotráfico procedente da América do Sul ameaçam a frágil economia de Guiné-Bissau

Homem agita bandeira da Guiné-Bissau: maioria da população da Guiné-Bissau sobrevive com menos de R$ 6 por dia (Foto/AFP)
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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2014 às 14h41.

Bissau - O golpe de Estado de abril de 2012 e sua consolidação como escala do narcotráfico procedente da América do Sul ameaçam a frágil economia de Guiné-Bissau, um dos países mais pobres do mundo e que espera se estabilizar e crescer após as eleições gerais deste domingo.

A maioria da população da Guiné-Bissau sobrevive com menos de R$ 6 por dia.

A interrupção das eleições há dois anos, nas quais o favorito era o então primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, e a instauração de uma Junta Militar, afugentou quase todos os parceiros internacionais da Guiné, que sustentavam a economia local.

Segundo confirmou à Agência Efe o economista guineano José D"Almeida, apenas a China permanece entre seus aliados econômicos, financiando projetos que convergem com seus próprios interesses.

Guiné-Bissau, que conseguiu a independência dos portugueses em 1974, continua sendo um país altamente dependente da agricultura de subsistência, de exportação de caju e da ajuda externa.

A agricultura emprega mais de 80% da população ativa e representa 60% de seu Produto Interno Bruto (PIB), que em 2012 se contraiu em 1,5%, após ter crescido 5,3% em 2011, segundo dados do Banco Mundial.

O mesmo ocorreu com o déficit: após um superávit de 0,7% em 2011, a economia registrou um déficit de 2,3% no ano seguinte.

Com o governo de transição, houve "uma desorientação total, na qual se ignoraram as necessidades da população, cuja única esperança é a exportação de cajus", afirmou o economista.

"Com o golpe de Estado, Guiné-Bissau perdeu seus sócios internacionais mais importantes, entre eles a União Europeia, e chegou ao ponto de não poder pagar os salários aos funcionários públicos".

Os problemas de financiamento são tão graves que foram utilizados para justificar o adiamento das eleições em duas ocasiões.


As primeiras foram fixadas para 24 de novembro de 2013, e as segundas para 16 de março, de acordo com a pressão do Conselho de Segurança da ONU, que nunca reconheceu o denominado Conselho Nacional de Transição.

O apoio internacional à economia guineana também foi afetado em função do narcotráfico, crime com o qual se viram envolvidos altos militares do país.

Durante os últimos anos, em um permanente contexto de instabilidade política, o país se transformou em uma escala habitual da droga procedente da América do Sul com destino à Europa, segundo denunciam diferentes organismos internacionais.

A prisão pelos Estados Unidos do ex-chefe do Estado-Maior da Marinha Bubo Natchuto e a acusação de um tribunal de Nova York contra o atual chefe, o general Antonio Indjai, são indícios da conexão com o mercado da cocaína.

No entanto, a difícil situação econômica e social do país não é só responsabilidade do atual Executivo.

"O Partido Africano para a Independência da Guiné e o Partido de Renovação Social -duas das principais forças políticas- se alinharam com o governo de transição em muitos aspectos da organização geral", disse D"Almeida.

As eleições presidenciais e legislativas do dia 13 tem como objetivo dar a Guiné-Bissau uma estabilidade propícia para a recuperação econômica.

Segundo as previsões da African Economic Outlook, um observatório patrocinado por diferentes organismos e governos internacionais, o déficit deveria cair até 1% durante 2014, enquanto o PIB deveria se recuperar até 3,5%.

Todas estas previsões, no entanto, ficam condicionadas a um desenvolvimento normal do processo eleitoral e à aceitação de seus resultados, algo que, em um país caracterizado por uma permanente instabilidade política, não parece simples.

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A maioria da população da Guiné-Bissau sobrevive com menos de R$ 6 por dia.

A interrupção das eleições há dois anos, nas quais o favorito era o então primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, e a instauração de uma Junta Militar, afugentou quase todos os parceiros internacionais da Guiné, que sustentavam a economia local.

Segundo confirmou à Agência Efe o economista guineano José D"Almeida, apenas a China permanece entre seus aliados econômicos, financiando projetos que convergem com seus próprios interesses.

Guiné-Bissau, que conseguiu a independência dos portugueses em 1974, continua sendo um país altamente dependente da agricultura de subsistência, de exportação de caju e da ajuda externa.

A agricultura emprega mais de 80% da população ativa e representa 60% de seu Produto Interno Bruto (PIB), que em 2012 se contraiu em 1,5%, após ter crescido 5,3% em 2011, segundo dados do Banco Mundial.

O mesmo ocorreu com o déficit: após um superávit de 0,7% em 2011, a economia registrou um déficit de 2,3% no ano seguinte.

Com o governo de transição, houve "uma desorientação total, na qual se ignoraram as necessidades da população, cuja única esperança é a exportação de cajus", afirmou o economista.

"Com o golpe de Estado, Guiné-Bissau perdeu seus sócios internacionais mais importantes, entre eles a União Europeia, e chegou ao ponto de não poder pagar os salários aos funcionários públicos".

Os problemas de financiamento são tão graves que foram utilizados para justificar o adiamento das eleições em duas ocasiões.


As primeiras foram fixadas para 24 de novembro de 2013, e as segundas para 16 de março, de acordo com a pressão do Conselho de Segurança da ONU, que nunca reconheceu o denominado Conselho Nacional de Transição.

O apoio internacional à economia guineana também foi afetado em função do narcotráfico, crime com o qual se viram envolvidos altos militares do país.

Durante os últimos anos, em um permanente contexto de instabilidade política, o país se transformou em uma escala habitual da droga procedente da América do Sul com destino à Europa, segundo denunciam diferentes organismos internacionais.

A prisão pelos Estados Unidos do ex-chefe do Estado-Maior da Marinha Bubo Natchuto e a acusação de um tribunal de Nova York contra o atual chefe, o general Antonio Indjai, são indícios da conexão com o mercado da cocaína.

No entanto, a difícil situação econômica e social do país não é só responsabilidade do atual Executivo.

"O Partido Africano para a Independência da Guiné e o Partido de Renovação Social -duas das principais forças políticas- se alinharam com o governo de transição em muitos aspectos da organização geral", disse D"Almeida.

As eleições presidenciais e legislativas do dia 13 tem como objetivo dar a Guiné-Bissau uma estabilidade propícia para a recuperação econômica.

Segundo as previsões da African Economic Outlook, um observatório patrocinado por diferentes organismos e governos internacionais, o déficit deveria cair até 1% durante 2014, enquanto o PIB deveria se recuperar até 3,5%.

Todas estas previsões, no entanto, ficam condicionadas a um desenvolvimento normal do processo eleitoral e à aceitação de seus resultados, algo que, em um país caracterizado por uma permanente instabilidade política, não parece simples.

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