Mathias Kennes, coordenador do MSF em Gaza: Os jatos de combate estão demolindo ruas inteiras, quarteirão por quarteirão. Não há lugar para se esconder, não há tempo para descansar (MAHMUD HAMS/AFP)
Repórter
Publicado em 12 de outubro de 2023 às 13h27.
Em meio à guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, mais de 300 profissionais da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) atuam na região de conflito. Em nota, o MSF pede ao governo de Israel que cesse sua campanha de punição coletiva contra toda a Faixa de Gaza. A organização diz que ambulâncias estão sendo atacadas e que os hospitais estão ficando sem anestésicos e analgésicos.
“A entrada de assistência humanitária, alimentos, água, combustível, remédios e equipamentos médicos na Faixa de Gaza deve ser facilitada urgentemente, pois se isso não for feito, mais vidas serão ceifadas”, diz trecho do comunicado.
Até o momento, 2,2 milhões de pessoas estão presas em Gaza. Mais cedo, o Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou nesta quinta-feira, 12, que a água e a comida devem acabar muito "em breve" na Faixa de Gaza.
Neste cenário, os profissionais da saúde estão com dificuldades de transportar os pacientes com segurança para outras unidades de saúde.
“As ambulâncias não podem ser usadas neste momento porque estão sendo atingidas por ataques aéreos,” afirma Darwin Diaz, coordenador médico de MSF em Gaza.
Por não conseguirem usar as ambulâncias em regiões com instalações médicas, a ONG pede o estabelecimento de espaços e passagens seguros para as pessoas chegarem a eles com urgência. Após 16 anos de bloqueio militar à Faixa de Gaza, as estruturas médicas já estão enfraquecidas.
"Nos hospitais do Ministério da Saúde, a equipe médica relata que estão ficando sem anestésicos e analgésicos. Transferimos suprimentos médicos de nossas reservas de emergência de dois meses para o hospital de Al-Awda, e agora usamos três semanas de estoque em três dias”, afirma Diaz.
Dois dos hospitais que MSF apoia, Al Awda e o Hospital Indonésio, sofreram danos em ataques aéreos, enquanto a própria clínica de MSF sofreu alguns danos em uma explosão na segunda-feira.
"Os jatos de combate estão demolindo ruas inteiras, quarteirão por quarteirão. Não há lugar para se esconder, não há tempo para descansar”, diz Matthias Kennes, coordenador-geral de MSF em Gaza.
“Alguns lugares estão sendo bombardeados por noites consecutivas. Sabemos como foi em 2014 e em 2021, quando milhares de pessoas morreram. Cada vez que nossos colegas médicos vão para o trabalho, não sabem se verão suas casas ou suas famílias novamente. Mas eles dizem que desta vez é diferente. Desta vez, após cinco dias, já foram registradas 1.200 mortes. O que as pessoas podem fazer? Para onde elas devem ir?,” diz Kennes.
Atualmente, a MSF administra de forma autônoma uma clínica da organização, apoia o hospital Al Awda, o hospital Nasser e o Hospital Indonésio em Gaza. No dia 10 de outubro, a MSF reabriu uma sala de operações em Al-Shifa, para receber pacientes com queimaduras e traumas. A organização também doou suprimentos médicos para o hospital Al Shifa.
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