Mundo

Guerra: com escalada entre Israel e Hezbollah, EUA enviam armas e Irã faz ameaças

Os americanos enviaram mais armas para Israel e um segundo porta-aviões para a região; Pentágono está dobrando o poder de fogo americano no Oriente Médio

Os EUA expressaram preocupação com um possível envolvimento direto de Teerã, que apoia o Hamas e o Hezbollah (BELAL AL SABBAGH/AFP)

Os EUA expressaram preocupação com um possível envolvimento direto de Teerã, que apoia o Hamas e o Hezbollah (BELAL AL SABBAGH/AFP)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 16 de outubro de 2023 às 08h31.

O temor a uma escalada regional do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas aumentou neste domingo, 15, com um novo e intenso fogo cruzado entre Exército israelense e Hezbollah no norte, em meio a ameaças do Irã. Os EUA expressaram preocupação com um possível envolvimento direto de Teerã, que apoia o Hamas e o Hezbollah. Os americanos enviaram mais armas para Israel e um segundo porta-aviões para a região.

Foi o dia de maior violência entre a facção libanesa Hezbollah e os israelenses. Um ataque do grupo libanês matou uma pessoa na cidade israelense de Shtula. Mísseis antitanque e foguetes foram lançados ao longo do dia, e no começo da noite, caças de Israel bombardearam posições do grupo no sul libanês, enquanto soldados de ambos os lados trocavam fogo.

Conflito entre Israel e Hezbollah

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou em um vídeo que seu país não tem interesse em um novo conflito com o Hezbollah, mas que o grupo precisava estar atento às consequências.

O principal patrocinador do Hezbollah e um dos maiores aliados do Hamas na região, o Irã fez ameaças. "Se a agressão sionista não parar, as mãos de todos os envolvidos estão no gatilho", afirmou o chanceler do Irã, Hossein Amirabdollahian, segundo a imprensa estatal iraniana, em referência à retaliação do Estado judeu contra Gaza, dominada pelo Hamas desde 2007.

Depois, à rede de televisão Al-Jazeera, o chanceler iraniano disse que seu país não pode ser só um observador. "Se o escopo da guerra se expandir, danos significativos serão infligidos aos EUA", disse.

Alianças da guerra

A escalada deste domingo vem um dia após o chanceler iraniano encontrar-se com o líder político do Hamas, Ismail Haniye, no Catar. Ele também se reuniu com representantes do Hezbollah e da Jihad Islâmica, outro grupo anti-Israel que compõe, com a Síria, os aliados que Teerã chama de Eixo da Resistência.

Em resposta, o conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan afirmou que os EUA procuraram o Irã por canais informais para alertar o país de que não deveria haver envolvimento na crise de Israel.

Para responder a esta ameaça, o Pentágono está dobrando o poder de fogo americano no Oriente Médio, em um esforço para impedir uma guerra regional mais ampla.

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd J. Austin, disse no sábado que havia deslocado um segundo porta-aviões para o Mediterrâneo oriental "para impedir ações hostis contra Israel ou quaisquer esforços para ampliar essa guerra" após o ataque terrorista do Hamas a Israel no dia 7. Espera-se que o segundo porta-aviões, o Dwight Eisenhower, chegue nos próximos dias. A Força Aérea também está enviando aviões de ataque terrestres adicionais para a região do Golfo Pérsico.

O Pentágono também mandou uma pequena equipe de forças de Operações Especiais a Israel para auxiliar na inteligência e no planejamento de operações para ajudar a localizar e resgatar os reféns que o Hamas mantém em seu poder, incluindo alguns americanos.

Corredor humanitário em Gaza

Sob a expectativa de uma invasão israelense, os moradores de Gaza estão à espera da definição de um corredor humanitário. A agência da ONU dedicada aos palestinos afirma que já não tem capacidade para prestar assistência. O número de mortos ultrapassou neste domingo o da terceira guerra entre Israel e Hamas, em 2014, quando 2.251 palestinos foram mortos. O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que 2.329 palestinos foram mortos desde o início dos combates nesta que tornou-se a mais mortífera das cinco guerras em Gaza.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) divulgaram neste domingo uma ligação telefônica em que um morador de Gaza confirmaria suspeitas de que o Hamas impede a saída da população na região norte, que recebeu um ultimato para ocupar o sul do território. No sábado, o governo israelense divulgou fotos do que seria um bloqueio do Hamas de uma estrada usada pelos palestinos.

Os moradores tentam chegar ao sul após o ultimato de Israel para deixar o norte, onde pretende iniciar sua investida terrestre. Estrangeiros aguardavam a liberação da fronteira em Rafah, com Egito, para deixar o enclave, entre eles brasileiros. Em nota, o Itamaraty informou no domingo que uma equipe está de prontidão no Egito para repatriar o grupo de cerca de 30 brasileiros que aguardam em Rafah.

Cisjordânia

Enquanto as atenções se concentram em Gaza e no norte, as tensões aumentaram na Cisjordânia ocupada, onde 55 palestinos foram mortos em confrontos com tropas israelenses desde o ataque do Hamas, segundo a ONU.

Os militares afirmam ter detido 330 pessoas na Cisjordânia, incluindo 190 agentes do Hamas, desde o dia 7. O Hamas está presente na Cisjordânia, mas opera em grande parte na clandestinidade devido ao forte controle de Israel sobre o território.

Filha de brasileiros está entre os reféns, segundo Israel

O Exército de Israel afirmou neste domingo que 155 pessoas são mantidas como reféns pelo Hamas na Faixa de Gaza desde o ataque do dia 7. As famílias foram notificadas. Entre os reféns está a jovem Tchelet Fishbein Za'arur (ou Celeste como a família a chama em português), de 18 anos, filha e neta de brasileiros.

"Estamos realizando esforços colossais para a libertação dos reféns", disse Daniel Hagari, um porta-voz militar. A imprensa israelense afirmou que as Forças de Defesa de Israel recuperaram os cadáveres de alguns reféns sem informar quantos. De acordo com o Hamas, 22 reféns morreram em consequência dos bombardeios de Israel.

Segundo a família de Celeste, que não tem cidadania brasileira e trabalha como babá em Israel, ela e o namorado se refugiaram em um bunker e não foram mais vistos. Um parente da jovem foi morto em um atentado terrorista em 2001, em Jerusalém.

(Com agências internacionais)

Para entender entre conflito Israel e Hamas:

Acompanhe tudo sobre:IsraelHamasPalestinaFaixa de Gaza

Mais de Mundo

Inspetor de Segurança Nacional abre investigação sobre Serviço Secreto por ataque a Trump

Membro de movimento neonazista é preso por planejar ataques durante os Jogos Olímpicos de Paris

Governo Trabalhista do Reino Unido apresenta novo pacote de leis

Campanha republicana defende posse de armas após tentativa de assassinato de Trump

Mais na Exame