O povo para, o governo ameaça
A Venezuela amanhece nesta sexta-feira em greve geral, que deve durar 12 horas. O movimento faz parte da estratégia de investir no poder das ruas, após o Conselho Nacional Eleitoral ter suspendido o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro na última semana. O governo, por sua vez, tem pedido aos apoiadores que compareçam ao trabalho desde […]
Da Redação
Publicado em 27 de outubro de 2016 às 19h02.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h44.
A Venezuela amanhece nesta sexta-feira em greve geral, que deve durar 12 horas. O movimento faz parte da estratégia de investir no poder das ruas, após o Conselho Nacional Eleitoral ter suspendido o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro na última semana. O governo, por sua vez, tem pedido aos apoiadores que compareçam ao trabalho desde as seis da manhã, “em defesa da revolução”.
Maduro chegou a anunciar que vai visitar distribuidoras de alimento e farmácias nesta sexta, apelando para que funcionários compareçam porque será montado um plano para garantir a distribuição de alimentos e remédios. O governo ameaçou ainda estatizar as empresas que participarem da greve.
Para derrubar o regime, a oposição fundou o movimento “A Tomada da Venezuela”, que já sofre forte repressão. De acordo com as contas da oposição, os protestos da última quarta-feira, que reuniram milhares de pessoas, acabaram com 120 feridos e mais de 140 presos. Um novo grande ato foi marcado para o próximo dia 3 de novembro.
Além disso, a oposição tem maioria na Assembleia Nacional e conseguiu iniciar um processo contra Maduro para investigar sua responsabilidade na suspensão do referendo. Deputados o acusam ter consumado um golpe de estado. No dia primeiro de novembro, o presidente deve comparecer à sessão do julgamento para responder às acusações.
Os países vizinhos, até agora, não têm se envolvido diretamente na crise. O papa Francisco e o ex-premiê espanhol José Luis Zapatero têm buscado o diálogo entre as partes, mas sem sucesso. A profunda crise política e econômica, que tem limitado até o acesso a produtos básicos, deixa o país cada vez mais isolado. Uma possibilidade de negociação, que chegou a ser aventada nos últimos dias, é cada vez mais remota.