Guerra cambial chega ao México e BC acena com corte de juros
Nas últimas 10 semanas, o peso mexicano subiu 7,3% em relação ao dólar
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2010 às 07h23.
Cidade do México - A apreciação recorde do peso mexicano pode levar o banco central do país a reduzir o juro básico no ano que vem.
O presidente do Banco de México, Agustin Carstens, sinalizou em reunião com economistas em Nova York em 2 de novembro que poderia baixar os juros se o peso continuar se apreciando, de acordo com analistas do Barclays Capital, Deutsche Bank AG e UBS AG que estavam presentes. A taxa básica do México pode cair 0,25 ponto percentual, para 4,25 por cento, até março de 2011, segundo o mercado de juros futuros.
No México, o investimento em títulos de curto prazo conhecidos como Cetes aumentou seis vezes desde o fim de 2009 com a busca por maior rentabilidade, dado os juros estão perto de zero nos Estados Unidos e Europa. O investimento estrangeiro em Cetes quase dobrou no mês passado para 70,4 bilhões de pesos (US$ 5,78 bilhões).
“O México corre o risco de ser atropelado pelos mercados”, disse Alonso Cervera, economista para América Latina do Credit Suisse Group na Cidade do México. “Se houver uma disparada do peso, não devemos ficar surpresos se eles decidirem baixar os juros.”
Guerra cambial
Uma redução nos juros para conter o avanço de 7,3 por cento do peso em relação ao dólar nas últimas 10 semanas significaria que Carstens estaria defendendo seu país do que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou de “guerra cambial”, de acordo com Jimena Zuniga, economista do Barclays Capital. A guerra cambial é uma na qual países enfraquecem suas moedas para estimular as exportações.
“Se o banco central sentir que está sozinho na guerra cambial e que o peso está perdendo competitividade, então o banco central pode considerar medidas incluindo o uso da política monetária para desencorajar entradas de capital”, disse Zuniga, que esteve na reunião com Carstens em Nova York.
Brasil, Tailândia e Colômbia estão entre os países que decidiram taxar o fluxo de capital externo, acabaram com isenções tributárias para estrangeiros e aceleraram compras de dólares nos mercados à vista. Carstens criticou tais medidas numa entrevista de rádio em outubro.
“Vamos tentar evitar cair nessas circunstâncias, mas nunca se pode descartar todas as possibilidades”, disse Carstens. Guerras cambiais são “muito destrutivas”, disse ele à Rádio Fórmula.
O banco central mexicano se recusou a fazer comentários sobre o encontro de Carstens na semana passada com economistas.