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Governo obtém recorde de R$2,8 bi com leilão de petróleo

Na avaliação do governo e de representantes do setor, o intervalo de quase cinco anos desde a última licitação fez com que houvesse uma valorização das áreas


	O resultado geral da rodada demonstrou forte apetite tanto de empresas nacionais como estrangeiras, incluindo algumas novatas como a Ouro Preto, bem como a força da OGX
 (RUI PORTO FILHO/Agência Estado)

O resultado geral da rodada demonstrou forte apetite tanto de empresas nacionais como estrangeiras, incluindo algumas novatas como a Ouro Preto, bem como a força da OGX (RUI PORTO FILHO/Agência Estado)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2013 às 17h48.

Rio de Janeiro - O governo realizou nesta terça-feira o primeiro leilão de áreas de exploração de petróleo e gás no Brasil em quase cinco anos, atraindo forte interesse e levantando o valor recorde de 2,8 bilhões de reais.

A estimativa inicial da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para todo o leilão, que incluiu 11 bacias sedimentares e terminou um dia antes do previsto, era de uma arrecadação com bônus de assinatura de 2 bilhões de reais.

Na avaliação do governo e de representantes do setor privado, o intervalo de perto de cinco anos desde a última licitação de áreas de exploração fez com que houvesse uma valorização das áreas ofertadas.

Executivos, investidores e especialistas do setor de petróleo ouvidos pela Reuters durante o leilão também destacaram disputas acirradas principalmente por blocos das bacias da Foz do Amazonas, Parnaíba e Espírito Santo.

O resultado geral da rodada demonstrou forte apetite tanto de empresas nacionais como estrangeiras, incluindo algumas novatas como a Ouro Preto, bem como a força da OGX, do empresário Eike Batista, apesar da sua difícil situação de caixa.

"Esta volta dos leilões está sendo excelente, com muito interesse dos investidores, tanto nacionais como estrangeiros", disse o consultor e ex-diretor da ANP Vitor Martins.

O investidor Flávio Barreto, que participa do leilão por meio de empresas como a Cisco Oil & Gas, disse que ficou surpreso com lances na bacia do Parnaíba, que saíram com o preço três vezes acima do esperado.

Segundo ele, as ofertas refletem o apetite do setor por novas áreas de petróleo no Brasil, após um prolongado período sem licitações.

O governo não promovia uma rodada desde 2008, ano em que suspendeu os leilões devido à descoberta do pré-sal e enquanto elaborava um novo marco regulatório para elevar o controle sobre essa riqueza.

"A espera deu às áreas a devida valorização", disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a jornalistas, mais cedo.


"Nunca vimos nada parecido", acrescentou o secretário de Petróleo do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, em entrevista à Reuters.

Já o diretor da ANP Helder Queiroz avaliou que as áreas foram muito valorizadas também pelos importantes estudos geológicos que foram realizados.

Apesar de o valor arrecadado ser maior que o esperado, apenas parte dos blocos foram arrematados. Mesmo assim, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, disse que o leilão foi um sucesso.

Empresas como as brasileiras Petrobras, OGX, Petra Energia e Ouro Preto e as estrangeiras Total, BP, BHP Billiton, Galp e BG apareceram como vencedoras das disputas por blocos nas bacias do Parnaíba, Foz do Amazonas e Barreirinhas.

Participaram do leilão promovido pela ANP mais de 60 companhias, disputando direitos sobre 289 áreas de exploração e produção em terra e no mar.

Os 155,8 mil quilômetros que foram ofertados na 11a rodada tinham potencial para elevar em até 55 por cento toda a área exploratória de petróleo e gás do país, que vem recuando nos últimos anos como consequência da suspensão dos leilões no período.

Lances de destaque

O maior lance de todo o leilão foi feito pelo consórcio formado pela francesa Total, a britânica BP e a Petrobras, pelo bloco FZA-M-57, na Foz do Amazonas, no valor de 345,9 milhões de reais.

A Foz do Amazonas está situada em região conhecida como margem equatorial. A semelhança geológica da região com a costa oeste africana --importante área petrolífera-- faz dela uma das mais valorizadas do leilão.

Somente com oito blocos na Foz do Amazonas, a ANP arrecadou em lances mais de 750 milhões de reais.


Atualmente, a atividade de petróleo da bacia se resume a apenas dois blocos, em fase de exploração, operados pela Petrobras. Não há área em etapa de produção.

A disputa acirrada ficou evidenciada também pela bacia do Parnaíba, onde todos os blocos foram arrematados, uma situação rara em leilões da ANP.

Descobertas de elevado potencial já foram realizadas na bacia do Parnaíba, que tem área aproximada de 680 mil quilômetros quadrados e está distribuída entre os Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará, Ceará e Bahia. Desde janeiro de 2012, a ANP recebeu oito notificações de descobertas na bacia.

A OGX já produz gás a partir do campo Gavião Real na região e a extração tem apresentado bons resultados. Petrobras e BP também são operadoras na bacia.

Na bacia de Barreirinhas, a principal vencedora foi a britânica BG, sozinha ou em consórcio. A OGX ficou, nessa bacia, com o um bloco em águas profundas e outro em águas rasas. Pelo último, a petrolífera de Eike deu lance de 80 milhões de reais, mais de 130 vezes o valor mínimo de 588 mil reais estipulado pelo governo.

A ANP estima que os blocos na bacia de Barreirinhas e na margem equatorial podem ter 30 bilhões de barris de óleo.

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