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Governo britânico é criticado após morte de bebê de "namorada" do EI

Shamina Begum havia pedido para voltar para o Reino Unido com o filho, Jarrah, que nasceu em fevereiro; governo negou

Shamima Begum (Laura Lean - WPA Pool/Getty Images)

Shamima Begum (Laura Lean - WPA Pool/Getty Images)

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AFP

Publicado em 9 de março de 2019 às 13h32.

Última atualização em 9 de março de 2019 às 13h32.

O governo britânico recebeu duras críticas, neste sábado (9), após o anúncio da morte, na Síria, do bebê de Shamima Begum, que perdeu sua nacionalidade britânica em fevereiro por ter-se unido ao grupo Estado Islâmico (EI) em 2015.

Shamina Begum, de 19 anos, havia pedido para voltar para o Reino Unido com o filho, Jarrah, que nasceu em fevereiro. O governo negou. Na época, o ministro do Interior, Sajid Javid, havia dito que o bebê, do qual a mãe não queria se separar, tinha nacionalidade britânica, mas que seria "extremamente difícil" permitir sua repatriação da Síria.

"Um menino inocente faleceu, porque se retirou a nacionalidade de uma britânica. É absurdo e desumano", tuitou Diane Abbott, membro do Partido Trabalhista.

"É moralmente condenável deixar uma jovem mulher vulnerável e um menino inocente em um acampamento de refugiados, quando se sabe que o nível de mortalidade é elevado", acrescentou. "A trágica morte do bebê de Shamima Begum, Jarrah, é uma mancha na consciência desse governo", insistiu.

A ONG Save The Children também criticou o governo, estimando que a morte do garoto "poderia ter sido evitada". A organização pediu às autoridades britânicas que "assumam suas responsabilidades para com seus cidadãos presentes no nordeste da Síria".

"Todas as crianças ligadas ao EI são vítimas do conflito e devem ser tratadas como tais", completou a ONG.

"A perigosa situação, em que se encontram essas crianças, ressalta a necessidade para os países de origem de garantir de maneira urgente a segurança de seus cidadãos e de repatriá-los".

Originária do leste de Londres, Shamima Begum deu à luz seu terceiro filho em um acampamento de refugiados do nordeste da Síria, depois de ter fugido do último reduto do EI em Baghuz, no leste do país, na fronteira com o Iraque. A jovem disse se negar a ser separada de seu bebê para que fosse repatriado para o Reino Unido.

Em declaração à AFP na sexta-feira, o porta-voz das Forças Democráticas Sírias (FDS) Mustafa Bali confirmou a morte do garoto, mas não deu detalhes sobre a causa do óbito. Citando um certificado médico, a rede BBC diz que ele faleceu por pneumonia.

Nascidos depois que a jovem partiu para a Síria, os outros dois filhos de Shamima Begum morreram por doenças e desnutrição.

"A morte de toda criança é trágica e profundamente angustiante para sua família", reagiu um porta-voz do governo. "O Ministério das Relações Exteriores sempre desaconselhou que fosse para a Síria desde abril de 2011", acrescentou.

Shamima Begum nunca se arrependeu de ter partido para a Síria. Esta posição surpreendeu a opinião pública britânica, marcada por uma série de atentados desde 2017 reivindicados pelo Estado Islâmico. Ela partiu em 2015, junto com duas colegas de escola.

Em meados de fevereiro, o ministro Sajid Javid tomou a decisão de retirar a nacionalidade britânica da jovem, alegando que também era cidadã de Bangladesh. Assim, não seria apátrida.

A família de Shamima Begum apelou da decisão. Em uma carta, pediu ajuda do Ministério do Interior para "trazer para casa" o filho de Begum.

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