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Generais em conflito concordam com nova trégua de 72 horas no Sudão

O anúncio de cessar-fogo ocorre após uma intensificação dos confrontos em Cartum, capital do país, onde 17 civis morreram, incluindo cinco crianças

Os combates, que começaram em abril, opõem o chefe do Exército, general Fattah al-Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), comandadas pelo general Mohamed Hamdan Daglo (AFP/AFP Photo)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 18 de junho de 2023 às 08h54.

Os dois generais que disputam o poder no Sudão concordaram, neste sábado, 17, com uma nova trégua de 72 horas, que entra em vigor neste domingo, anunciaram os mediadores sauditas e americanos, em meio a uma intensificação dos combates em Cartum.

"O reino da Arábia Saudita e os Estados Unidos anunciam o acordo dos representantes das Forças Armadas sudanesas e das Forças de Apoio Rápido (FAR) para um cessar-fogo no Sudão por um período de 72 horas a partir de domingo", informou, em nota, o Ministério de Relações Exteriores.

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A trégua entra em vigor às 06h locais (01h de Brasília), acrescentou a mesma fonte. As anteriores foram quase sempre violadas.

O anúncio de cessar-fogo ocorre após uma intensificação dos confrontos em Cartum, capital do país, onde 17 civis morreram, incluindo cinco crianças, segundo uma organização civil.

Os intensos combates também aceleraram o êxodo na região de Darfur (oeste), uma das mais afetadas pelo conflito, onde médicos reportaram que centenas de feridos foram levados para o Chade, país vizinho, para receber tratamento.

Os combates, que começaram em abril, opõem o chefe do Exército, general Fattah al-Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), comandadas pelo general Mohamed Hamdan Daglo.

Desde então, os dois comandantes militares concordaram com várias tréguas, que acabaram fracassando.

Distribuição de ajuda

Ao anunciar a nova trégua, os mediadores disseram que "as duas partes concordaram em que, durante o período de cessar-fogo, se absteriam de realizar deslocamentos e ataques, usar aviões de guerra ou drones (e) reabastecer suas forças".

"Também concordaram em permitir liberdade de movimentação e entrega de ajuda humanitária em todo o Sudão", acrescentaram.

Nos últimos dois dias, Cartum tem vivido uma intensificação dos bombardeios aéreos, com resultados letais, informou o comitê de resistência local, uma célula militante que organiza a ajuda à população da cidade.

As FAR, que acusam o Exército de concentrar seus bombardeios em áreas residenciais, afirmaram ter derrubado um avião de combate das forças regulares.

Vários bairros de Cartum estão sem água potável e a rede elétrica funciona apenas algumas horas por semana.

A situação é igualmente preocupante em Darfur, "presa da violência", alertou a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Os relatos de ataques em massa contra civis se multiplicam nessa região, de onde cerca de 149 mil pessoas fugiram para o Chade desde o início dos combates em 15 de abril, segundo dados da ONU.

Darfur, que foi devastada por uma guerra civil no começo dos anos 2000, se encaminha para um novo "desastre humanitário", alertou na quinta-feira o secretário-geral adjunto de assuntos humanitários da ONU, Martin Griffiths.

Cerca de duas mil pessoas morreram no Sudão devido ao conflito, segundo a ONG Acled.

A ONU estima em 2,2 milhões o número de deslocados em todo o país.

Cerca de 25 milhões dos 45 milhões de habitantes do Sudão atualmente dependem da ajuda humanitária pra sobreviver.

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