Gbagbo pretende deter veículos da ONU na Costa do Marfim
Líder do país africano vai apreender as armas utilizadas pelos "capacetes azuis"
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2011 às 10h54.
Abidjan - O Governo de Laurent Gbagbo, não reconhecido internacionalmente, pretende deter 41 veículos da Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI) e exigir as armas dos "capacetes azuis", segundo uma ordem divulgada nesta segunda-feira pelos meios de comunicação marfinenses.
A ordem, lida por um porta-voz das Forças de Armadas e de Segurança, leais a Gbagbo, assinala que os 41 veículos identificados dos soldados da ONUCI, qualificados como "força estrangeira" e "força de ocupação", serão considerados "depósitos de armas" e estarão "submetidos a um registro minucioso".
Em várias ocasiões, Gbagbo exigiu a retirada dos "capacetes azuis" da ONUCI do país e ordenou o registro de seus veículos, o que não foi admitido pela ONU, que não o reconhece como governante legítimo.
Na sexta-feira passada, a ONU qualificou de "inaceitável" que partidários de Gbagbo detenham e registrem veículos da UNOCI, em outra aparente tentativa de forçar a saída dos "capacetes azuis" do país.
O porta-voz do organismo, Martin Nesirky, assinalou que esta prática mostra uma vulnerabilidade das resoluções do Conselho de Segurança e do acordo com o Governo de Abidjan, que regula a presença das tropas da ONU na Costa do Marfim.
Também reiterou a condenação do uso dos meios de comunicação públicos marfinenses por parte de Gbagbo para "divulgar informação falsa" sobre a atuação da UNOCI, assim como qualquer outra tentativa de prejudicar as ações do pessoal da missão para implementar seu mandato.
A lista com as matrículas dos veículos da ONU foi divulgada nesta segunda-feira pela imprensa, o que aumenta a tensão entre os seguidores de Gbagbo e as Nações Unidas, que não o reconhece como governante e aprovou sanções contra sua administração.
O porta-voz militar assinalou que, para se deslocar pelo país, os soldados da ONUCI recorrem nos últimos dias ao uso de veículos civis "sem os símbolos da ONU".
Após o segundo turno das eleições presidenciais de 28 de novembro, a ONU reconheceu Alassane Ouattara como presidente eleito, depois que a Comissão Eleitoral Independente (CEI) apontou sua vitória, que foi certificada pela ONUCI.
Gbagbo, no poder desde 2000, se negou a reconhecer sua derrota e o Conselho Constitucional, formado por seus seguidores, anulou os resultados em oito distritos favoráveis a Ouattara.