Exame Logo

Gasoduto na Argentina é alvo de questionamentos ambientais

Para viabilizar o duto, seria preciso a construção de uma rede para transportar gás natural produzido no campo localizado na Província de Neuquén

Vaca Muerta: Os conflitos ambientais na região não são novos, mas a discussão ganha força com os anúncios de expansão da exploração pelo governo argentino (Cristian Martin/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de janeiro de 2023 às 09h36.

A ampliação do gasoduto Néstor Kirchner, em Vaca Muerta, na Argentina, é um dos mais ambiciosos projetos do país vizinho. A exploração do subsolo na região está envolta em polêmicas ambientais e sociais.

Para viabilizar o duto, seria preciso a construção de uma rede para transportar gás natural produzido no campo localizado na Província de Neuquén, oeste da região da Patagônia, até os principais mercados consumidores.

Veja também

Segundo estimativas, ali estão a segunda maior jazida de gás xisto do mundo e a quarta de petróleo não convencional, que leva a definição em razão da necessidade de tecnologia de última geração para extração.

Para escoar o gás da bacia de Neuquén até a fronteira com o Brasil, que representa o segundo trecho do gasoduto, de acordo com o ministro de Economia da Argentina, Sergio Massa, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiará a fabricação de tubos por meio de uma empresa brasileira que participará de um processo de licitação com preços mais competitivos, principalmente em relação às propostas de empresas da China.

O financiamento do banco brasileiro é estimado em US$ 820 milhões (R$ 4,2 bilhões), segundo o ministro argentino. No entanto, não foi definido o sistema de taxas, prazos e garantias. Essa será a pauta de uma viagem de Massa ao Brasil, na primeira semana de fevereiro.

Ambiente

Vaca Muerta é uma formação geológica com mais de 30 mil quilômetros quadrados. Segundo dados oficiais mais recentes, a produção atual é de 304 mil barris de petróleo por dia e 78 milhões de metros cúbicos de gás.

Os conflitos ambientais na região não são novos, mas a discussão ganha força com os anúncios de expansão da exploração pelo governo argentino. Grupo indígenas são os principais impactados.

De acordo com a publicação Carbono News, especializada em divulgação científica da área ambiental, diferentemente de outras formações geológicas, o petróleo e o gás nessa região estão em rochas, a 4 mil metros de profundidade.

Para sua extração é necessária uma técnica conhecida como "fracking", que consiste em perfurar a rocha e introduzir água, areia e produtos químicos para aumentar a permeabilidade da pedra e fazer o produto escoar mais facilmente.

A técnica é proibida em muitos países em razão da contaminação que gera na água, no solo e no ar. Estudos apontaram relação entre essa técnica e casos de câncer, problemas de coração e neurológicos em comunidades que vivem próximas.

Pelo menos 14 poços, de um total de 300, estão em terras de povos originários. De acordo Jorge Anhuel, autoridade política da comunidade Mapuche, o extrativismo precisa ter limites. "Vaca Muerta não é uma exploração, é uma hiper-exploração", afirmou.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaBB – Banco do BrasilBNDESGás e combustíveisGoverno Lula

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame