Primeiro-ministro britânico, David Cameron, discursa durante encontro do G8 para tratar do combate à demência, em Londres (Stefan Rousseau/Reuters)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 19h26.
Londres - O grupo dos países mais industrializados estabeleceu nesta quarta-feira a meta de encontrar a cura ou tratamento eficaz da demência até 2025 e ministros disseram que o mundo precisa combater a propagação das doenças que afetam a memória, do mesmo modo que faz na luta contra a Aids.
A iniciativa do G8 se equipara à data fixada pelos Estados Unidos no ano passado para vencer o Alzheimer, mas a meta é ambiciosa, considerando que não há no horizonte nenhuma cura óbvia.
A previsão é que os casos mundiais de demência tripliquem até 2050, mas os cientistas ainda enfrentam dificuldades para compreender sua base biológica, e a atual gama de remédios da medicina é mínima.
"Em termos de cura, ou mesmo de um tratamento que possa modificar a doença, estamos de mãos vazias", disse na cúpula a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, a ministros, ativistas, cientistas e executivos da indústria farmacêutica dos países do G8.
Acabar com esta falta de medicamentos vai requerer mais investimentos dos governos e do setor privado. Os ministros do G8 se comprometeram a elevar "significativamente" os gastos, tendo a Grã-Bretanha prometido dobrar suas verbas. Mas autoridades britânicas não apresentaram uma estimativa do valor previsto para o financiamento.
A reunião em Londres, a primeira cúpula do G8 sobre uma doença específica desde o HIV e a Aids, teve como anfitrião o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que disse ser vital mostrar que a demência não é parte normal do envelhecimento.
O ministro da Saúde, Jeremy Hunt, disse haver lições a serem aprendidas da luta contra a Aids, para a qual a cúpula do G8 em 2005 teve importante papel em pressionar por medicamentos melhores e mais amplamente disponíveis.
"Nós mudamos a maré mundial na batalha contra a Aids. Agora nós precisamos fazer isso de novo. Nós vamos levar nossos sistemas de saúde à falência se não fizermos isso", afirmou.
Os ministros da Saúde também entraram em acordo sobre a designação de um enviado mundial para inovações na área de demência, seguindo um modelo usado para a mudança climática e o HIV.
A demência, da qual o mal de Alzheimer é a forma mais conhecida, já afeta 44 milhões de pessoas em todo o mundo e esse número deve chegar a 135 milhões até 2050, de acordo com novas estimativas divulgadas neste mês pelo grupo ativista sem fins lucrativos Doença Internacional do Alzheimer.
Mais de 70 por cento dos afetados estarão vivendo em países pobres, com precário acesso a serviços de saúde.
Especialistas dizem que muitas pessoas podem evitar a demência ao adotar hábitos mais saudáveis de saúde, como fazer mais exercícios e deixar de fumar, mas o que o mundo precisa com urgência é de remédios mais eficientes.