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Frente ao horror dos ataques, Noruega promete 'mais tolerância'

População e autoridades defendem mais tolerância e democracia como resposta aos atentados que mataram 16 pessoas

Garota segura rosa em vigília aos mortos no massacre: país quer evitar paranoia com a segurança (Getty Images)

Garota segura rosa em vigília aos mortos no massacre: país quer evitar paranoia com a segurança (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2011 às 14h56.

Oslo - "Juntos puniremos o assassino. E seu castigo será mais generosidade, mais tolerância, mais democracia". Em uníssono com o prefeito de Oslo, Fabian Stang, a Noruega se nega a mudar seus valores após o massacre provocado por um suspeito de extrema-direita na sexta-feira, que deixou 76 mortos no país.

Desde Stang até o rei Harald, passando por cidadãos anônimos, a mensagem é a mesma: transparência, abertura, proximidade, democracia. Virtudes que para eles devem seguir constituindo a identidade do país.

De acordo com Harald Stanghelle, articulista do jornal Aftenposten, a Noruega seguirá sendo a mesma no futuro. A questão da segurança vai adquirir maior relevância, mas não será onipresente, acredita ele.

"Tanto os políticos como as demais autoridades e a imprensa dizem que é indispensável ter cuidado para não ficamos obcecados com a questão da segurança, que o país não deve se fechar em si mesmo e viver angustiado", afirmou Stanghelle à AFP.

"Por outro lado, a Noruega é um país inocente e parte desta inocência foi embora", acrescentou.

Ele acredita que um dos efeitos imediatos poderia ser uma simpatia maior pelos imigrantes na sociedade norueguesa que, segundo ele, "até agora associava o terrorismo unicamente ao islamismo", considera.

Saudado por sua ação humana mas firme após os atentados, o primeiro-ministro trabalhista Jens Stoltenberg orienta seus concidadãos a "conservar seus valores".

"A Noruega se divide agora em antes e depois de 22 de julho. Somos nós mesmos quem devemos decidir como será o país daqui para a frente", observou o chefe de Governo na segunda-feira, quando mais de 100 mil pessoas se reuniram à noite em homenagem às vítimas dos ataques.

Em nenhum momento durante as homenagens, ocorreram reações de ódio à tragédia que viveu o país.

"O mal pode matar uma pessoa, mas não pode matar um país", bradou Stoltenberg na ocasião.

Nas ruas predomina o mesmo sentimento: os noruegueses estão assustados, mas se mostram pacíficos. As rosas são onipresentes e ultimamente surgiram camisas estampadas com a palavra "Oslove", uma junção das palavras Oslo e "love" (amor, em inglês).

"Temos que responder com um espírito mais aberto, dando mais ouvidos aos outros, sendo um país livre para não dar a Breivik o que ele quer", opinou Per Gunnar Gulstuen, de 52 anos, referindo-se a Anders Behring Breivik, acusado pelo massacre que em um longo manifesto escrito ao longo dos anos se apresentou como um "cruzado" comprometido com a luta contra o islamismo e o marxismo.

"Não façamos como os Estados Unidos, que depois do 11 de setembro colocou polícia e controle por todas as partes", acrescentou Gulstuen.

"O primeiro-ministro tem razão ao decidir que a resposta é mais abertura. Ele respondeu de forma humana, inteligente", disse Astrid Gunby, uma norueguesa de 55 anos moradora do bairro onde se localiza o prédio-sede do Governo, destruído por uma bomba.

Até mesmo o rei Harald, habitualmente discreto, pediu que os ataques não provoquem uma mudança no país.

"Mantenho-me fiel às minhas convicções de que a liberdade é mais forte que o medo. Mantenho-me fiel a minha fé em uma democracia norueguesa aberta", manifestou.

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