Frases de Putin se tornam "nova bíblia" para funcionários
Com a capa branca e o retrato do presidente da Rússia, o livro "Palavras que mudam o mundo" pretende contar a visão de mundo do chefe do Kremlin
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2015 às 09h22.
Moscou - Depois do livro vermelho de Mao Tsé-Tung, do verde de Muammar Kadafi e do azul de Hugo Chávez, chega agora a compilação de frases célebres de Vladimir Putin , um livro de cabeceira para qualquer funcionário do governo russo, segundo o Kremlin.
"Putin é um profeta. Tudo o que disse se cumpriu. Se todos os países o tivessem ouvido, teríamos evitado muitas tragédias, como várias guerras e a chegada de centenas de milhares de refugiados à Europa", afirmou à Agência Efe o autor do livro, Anton Volodin.
Com a capa branca e o retrato do presidente da Rússia , o livro "Palavras que mudam o mundo" pretende contar a visão de mundo do chefe do Kremlin através de frases extraídas de discursos, artigos e entrevistas que ele realizou ou concedeu entre 2003 e 2015.
O livro de quase 400 páginas já foi distribuído em edição limitada de 1.500 exemplares para deputados, senadores, governadores, chefes de assembleias regionais e funcionários de diferentes categorias.
"Estas são as palavras que previram as mudanças globais na política mundial", garante o livro.
Viacheslav Volodin, a eminência parda do Kremlin, chefe-adjunto da presidência, o enviou como presente de Natal a todo o alto escalão da administração pública, acompanhado de uma carta em que explica que sua leitura é obrigatória para entender os princípios que regem a defesa dos interesses nacionais.
"Volodin disse que deve ser um livro de cabeceira de qualquer político", contou um deputado à imprensa local.
O livro começa em plena crise do Iraque (2003), com o discurso de Putin na Assembleia Geral da ONU, à qual retornaria em setembro deste ano para exigir que a comunidade internacional formasse uma coalizão internacional contra o jihadismo na Síria e no Iraque.
"Isso de que Putin é imprevisível é um mito. Se alguém analisar minuciosamente seus discursos se dará conta de que seus planos e os da Rússia são muito claros e transparentes", afirmou o autor.
Segundo Volodin, o livro não é uma "propaganda" nem uma nova tentativa de "culto à personalidade" do líder russo, no poder desde 1999.
"Não é propaganda. Não estamos dando nossa opinião. As posturas de Putin não são conjunturais. Isso é o mais valioso. A política russa é coerente e justa. Este livro sempre foi necessário, mas ninguém tinha pensado em publicá-lo", reforçou.
Cada discurso vem acompanhado de uma foto e precedido de um prólogo no qual são explicadas as circunstâncias das falas de Putin, suas consequências práticas na arena internacional e suas entrevistas mais importantes.
"Putin advertiu do quão perigoso que era violar os estatutos da ONU e ir contra o Conselho de Segurança, e agora temos o Estado Islâmico e uma situação incontrolável em países como Síria, Líbia ou Iraque", destacou Volodin.
Para o autor, a obra não é um glossário de aforismos de fácil recordação, mas de um livro ideológico que tenta reforçar a altura de Putin como estadista e "como um dos políticos mais destacados na história da Rússia".
Entre os pronunciamentos mais destacados de Putin está o que fez no início de 2007 em Munique e que ficou marcado como o discurso programático mais importante de seus mandatos, no qual previu a ruptura entre a Rússia e o Ocidente e deu início ao que muitos analistas chamaram de "nova Guerra Fria".
Após advertir ao Ocidente em outro discurso que o reconhecimento do Kosovo (fevereiro de 2008) abriria a "caixa de Pandora" dos separatismos, a Rússia invadiu poucos meses depois a região da Ossétia do Sul, que proclamou sua independência da Geórgia.
O livro também destaca as principais frases do discurso pronunciado perante o parlamento russo em março de 2014, no qual Putin defendeu firmemente a anexação da península da Crimeia após um controverso referendo, aproveitando o vazio de poder na Ucrânia após a queda de Viktor Yanukovich.
O Kremlin nega ter algo a ver com a obra, mas Volodin reconheceu que consultou os assessores do presidente antes de sua publicação, ainda mais depois que o governo concedeu à Rede - grupo pró-Putin do qual ele faz parte - uma generosa subvenção.
"Por enquanto, todas as críticas que recebemos são absolutamente positivas", disse, embora alguns comentaristas o tenham comparado com os livros de Lênin e Stalin que os funcionários soviéticos tinham sempre à vista em suas mesas.
O autor não se contenta apenas com a distribuição da obra entre funcionários públicos.
O livro chegará às livrarias russas em janeiro a um preço de 800 rublos (cerca de R$ 40) e, provavelmente, será traduzido para o inglês.
"Putin representa a grande maioria dos russos, como mostram fielmente as pesquisas", concluiu Volodin, se referindo ao fato de que a popularidade do presidente se aproximou de 90% após a intervenção militar na Síria.
Moscou - Depois do livro vermelho de Mao Tsé-Tung, do verde de Muammar Kadafi e do azul de Hugo Chávez, chega agora a compilação de frases célebres de Vladimir Putin , um livro de cabeceira para qualquer funcionário do governo russo, segundo o Kremlin.
"Putin é um profeta. Tudo o que disse se cumpriu. Se todos os países o tivessem ouvido, teríamos evitado muitas tragédias, como várias guerras e a chegada de centenas de milhares de refugiados à Europa", afirmou à Agência Efe o autor do livro, Anton Volodin.
Com a capa branca e o retrato do presidente da Rússia , o livro "Palavras que mudam o mundo" pretende contar a visão de mundo do chefe do Kremlin através de frases extraídas de discursos, artigos e entrevistas que ele realizou ou concedeu entre 2003 e 2015.
O livro de quase 400 páginas já foi distribuído em edição limitada de 1.500 exemplares para deputados, senadores, governadores, chefes de assembleias regionais e funcionários de diferentes categorias.
"Estas são as palavras que previram as mudanças globais na política mundial", garante o livro.
Viacheslav Volodin, a eminência parda do Kremlin, chefe-adjunto da presidência, o enviou como presente de Natal a todo o alto escalão da administração pública, acompanhado de uma carta em que explica que sua leitura é obrigatória para entender os princípios que regem a defesa dos interesses nacionais.
"Volodin disse que deve ser um livro de cabeceira de qualquer político", contou um deputado à imprensa local.
O livro começa em plena crise do Iraque (2003), com o discurso de Putin na Assembleia Geral da ONU, à qual retornaria em setembro deste ano para exigir que a comunidade internacional formasse uma coalizão internacional contra o jihadismo na Síria e no Iraque.
"Isso de que Putin é imprevisível é um mito. Se alguém analisar minuciosamente seus discursos se dará conta de que seus planos e os da Rússia são muito claros e transparentes", afirmou o autor.
Segundo Volodin, o livro não é uma "propaganda" nem uma nova tentativa de "culto à personalidade" do líder russo, no poder desde 1999.
"Não é propaganda. Não estamos dando nossa opinião. As posturas de Putin não são conjunturais. Isso é o mais valioso. A política russa é coerente e justa. Este livro sempre foi necessário, mas ninguém tinha pensado em publicá-lo", reforçou.
Cada discurso vem acompanhado de uma foto e precedido de um prólogo no qual são explicadas as circunstâncias das falas de Putin, suas consequências práticas na arena internacional e suas entrevistas mais importantes.
"Putin advertiu do quão perigoso que era violar os estatutos da ONU e ir contra o Conselho de Segurança, e agora temos o Estado Islâmico e uma situação incontrolável em países como Síria, Líbia ou Iraque", destacou Volodin.
Para o autor, a obra não é um glossário de aforismos de fácil recordação, mas de um livro ideológico que tenta reforçar a altura de Putin como estadista e "como um dos políticos mais destacados na história da Rússia".
Entre os pronunciamentos mais destacados de Putin está o que fez no início de 2007 em Munique e que ficou marcado como o discurso programático mais importante de seus mandatos, no qual previu a ruptura entre a Rússia e o Ocidente e deu início ao que muitos analistas chamaram de "nova Guerra Fria".
Após advertir ao Ocidente em outro discurso que o reconhecimento do Kosovo (fevereiro de 2008) abriria a "caixa de Pandora" dos separatismos, a Rússia invadiu poucos meses depois a região da Ossétia do Sul, que proclamou sua independência da Geórgia.
O livro também destaca as principais frases do discurso pronunciado perante o parlamento russo em março de 2014, no qual Putin defendeu firmemente a anexação da península da Crimeia após um controverso referendo, aproveitando o vazio de poder na Ucrânia após a queda de Viktor Yanukovich.
O Kremlin nega ter algo a ver com a obra, mas Volodin reconheceu que consultou os assessores do presidente antes de sua publicação, ainda mais depois que o governo concedeu à Rede - grupo pró-Putin do qual ele faz parte - uma generosa subvenção.
"Por enquanto, todas as críticas que recebemos são absolutamente positivas", disse, embora alguns comentaristas o tenham comparado com os livros de Lênin e Stalin que os funcionários soviéticos tinham sempre à vista em suas mesas.
O autor não se contenta apenas com a distribuição da obra entre funcionários públicos.
O livro chegará às livrarias russas em janeiro a um preço de 800 rublos (cerca de R$ 40) e, provavelmente, será traduzido para o inglês.
"Putin representa a grande maioria dos russos, como mostram fielmente as pesquisas", concluiu Volodin, se referindo ao fato de que a popularidade do presidente se aproximou de 90% após a intervenção militar na Síria.