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França tem 2º turno regional em cenário político devastado

O Partido Socialista francês, que governa o país, e a oposição de direita se mobilizam para impedir a vitória da Frente Nacional, de extrema-direita


	Extrema-direita: o presidente François Hollande, que manteve o silêncio sobre as eleições regionais, pediu a "defesa dos valores da República"
 (Francois Guillot/AFP)

Extrema-direita: o presidente François Hollande, que manteve o silêncio sobre as eleições regionais, pediu a "defesa dos valores da República" (Francois Guillot/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2015 às 10h50.

Os franceses votam no domingo no segundo turno das eleições regionais, depois de uma semana marcada pela onipresença da extrema direita e por divisões de esquerda no poder e a oposição da direita.

O Partido Socialista francês, que governa o país, e a oposição de direita se mobilizam para impedir a vitória da Frente Nacional (FN), de extrema-direita, em uma ou várias regiões, o que reforçaria a posição de sua líder Marine Le Pen para as presidenciais de 2017.

A atitude a respeito da FN, que liderou os resultados do primeiro turno em 6 de dezembro e ficou na primeira posição em seis regiões, domina a campanha do segundo turno.

O presidente François Hollande, que manteve o silêncio sobre as eleições regionais, pediu na quarta-feira a "defesa dos valores da República".

O chefe de Estado, que falou ao conselho de ministros e foi citado pelo porta-voz do governo, fez um apelo à "clareza nas atitudes, nos comportamentos e nas opções".

O Partido Socialista retirou seus candidatos em favor da direita nas duas regiões em que a extrema-direita tem mais chances de vitória. Mas em uma terceira, o candidato socialista se recusou a abandonar a disputa, o que provocou a revolta da direção do partido.

Ao mesmo tempo, o ex-presidente Nicolas Sarkozy, líder do principal partido da oposição de direita, Os Republicanos (LR), rejeitou qualquer desistência ou aliança com os socialistas, posição que também foi criticada por outros dirigentes de direita.

A postura dos socialistas é interpretada por alguns como uma estratégia que pretende apresentar François Hollande como a melhor barreira contra Marine Le Pen em 2017.

"O governo aplica desde já uma estratégia para 2017", afirmou o jornal Libération.

Sarkozy fracassou na estratégia de frear a FN ao adotar um discurso mais à direita, opinam alguns políticos, inclusive dentro de seu campo.

A FN tem possibilidades de vencer no segundo turo na região norte (Norte-Pas de Calais-Picardia), onde Marine Le Pen é candidata, e no sudeste (Provence-Alpes-Côte d'Azur), onde a lista é liderada por sua sobrinha Marion Maréchal-Le Pen.

As duas receberam mais de 40% dos votos no primeiro turno e, depois da retirada da listas socialistas, enfrentarão candidatos da direita.

O vice-presidente da FN, Florian Philippot, também está em vantagem na região nordeste (Alsácia-Champagne-Ardène-Lorena), onde o segundo turno terá três candidatos, após a recusa do aspirante socialista de acatar a decisão do partido de retirar seu nome para "bloquear a Frente Nacional".

O debate levou o primeiro-ministro Manuel Valls e outras personalidades do PS a defender o voto no candidato de direita.

Valls chamou de "fraude" o discurso da FN, que inclui, por exemplo, o abandono do euro no campo econômico.

Nicolas Sarkozy também criticou o programa "incoerente" de Marine Le Pen, ao mesmo tempo que discursou aos eleitores da FN para dizer que os compreende.

Como prova das divergências dentro de seu partido, vários líderes de listas regionais recusaram a presença do ex-presidente em atos de campanha.

Ao mesmo tempo, Marine Le Pen ironizou o discurso de Sarkozy, que segundo ela tenta atrair os eleitores da FN, e afirmou que os adversários do LR "não têm convicções".

No entanto, as previsões das pesquisas são incertas.

Marine Le Pen, e Marechal-Le Pen perderão o segundo turno das eleições regionais franceses de domingo, segundo várias pesquisas publicadas na França.

De acordo com uma pesquisa do Instituto TNS-Sofres, publicada na quarta-feira, o candidato Christian Estrosi, del partido conservador Os Republicanos (LR), vencerá no segundo turno frente a Marion Maréchal-Le Pen, com 54% dos votos frente a 46%.

No norte, Xavier Bertrand, também do LR, vencerá Le Pen com 53%, frente a 47%.

Outra pesquisa, do Instituto Odoxa, dá a Estrosi 52% dos votos, frente aos 48% da candidata da Frente Nacional.

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