França quer proibir uso de Diane 35 como anticoncepcional
Diversas mortes diretamente associadas ao uso do medicamento foram registradas nos últimos anos
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Paris - A Agência Nacional de Segurança dos Medicamentos e dos Produtos de Saúde (ANSM) da França anunciou ontem que pedirá às autoridades sanitárias do país que proíbam a prescrição do remédio Diane 35 para fins anticoncepcionais.
No fim de semana, a instituição divulgou que seu uso foi diretamente associado a quatro mortes por trombose ocorridas nos últimos 27 anos. Outras 25 mortes que teriam como causa coágulos sanguíneos estão sob suspeita.
As dúvidas sobre a segurança de pílulas anticoncepcionais de terceira e quarta gerações cresceram na França nas últimas seis semanas, depois que Marion Larat, de 25 anos, registrou queixa contra o grupo farmacêutico alemão Bayer, por atribuir o acidente vascular cerebral (AVC) que sofreu em 2006 ao uso de outra pílula, comercializada na Europa com o nome de Meliane.
Marion sofre de sequelas permanentes. O caso está sendo investigado pela Procuradoria-Geral de Bobigny, em Seine Saint-Denis, periferia de Paris.
Na quinta-feira passada (24), 14 reclamações semelhantes foram registradas em conjunto no Tribunal de Grande Instância da mesma cidade. O objetivo da ação é pedir uma investigação contra os fabricantes de pílulas contraceptivas de terceira e quarta gerações.
A ação também pede a abertura de um processo por homicídio culposo (sem intenção de matar) - e "atentado culposo contra a pessoa humana" contra a ANSM, responsável por verificar a segurança dos medicamentos na França. As queixas foram registradas por 11 vítimas de trombose (uma delas cerebral) e de AVC, todas com idades entre 18 e 46 anos, assim como por familiares de três mulheres mortas.
Além do Diane 35, elas também usaram outras marcas comerciais de pílulas de terceira e quarta gerações: Desobel, Gestodene, Ethinylestradiol30, Melodia, Carlin 20, Varnoline, Yaz, Jasmine e Jasminelle.
Em 2010 foi criada a Associação de Vítimas de Embolia Pulmonar (Avep), para advertir a opinião pública sobre os riscos gerados por essas pílulas. "Nós enfrentamos a resistência do corpo médico, de políticos, de associações feministas", diz o presidente da Avep, Pierre Markarian, que reclama da ineficiência das agências nacional e internacionais de controle de medicamentos. "Há exames para determinar se a pílula convém ou não, se o sangue coagula ou não", adverte.
Proibição
Na segunda-feira (28), Dominique Maraninchi, diretor-geral da ANSM, anunciou que a agência pedirá a interdição da prescrição média de Diane 35 como anticoncepcional. Originalmente, a pílula era um medicamento contra a acne, que, por seus efeitos contraceptivos, foi adotada por quase 315 mil mulheres em toda a França.
A medicação também é comercializada no Brasil. "É preciso parar com esse uso ambíguo e sua utilização como contraceptivo. É uma situação que durou tempo demais", disse Maraninchi, em entrevista à rádio parisiense RTL.
De acordo com ele, "há 25 anos Diane 35 não é autorizado a ser usado como contraceptivo". "É responsabilidade da agência fazer respeitar as indicações", afirmou Maraninchi.
Apesar do uso difundido, a Bayer nunca teria pedido o registro do medicamento como contraceptivo. "Além disso, nossos experts e ginecologistas consideram que não é um bom anticoncepcional", disse Maraninchi. Segundo estudo da ANSM, o uso de Diane 35 aumenta em sete vezes o risco de trombose.
Efeitos conhecidos
Na segunda-feira (28), em resposta, o laboratório Bayer divulgou uma nota na qual frisou que os riscos de coágulos sanguíneos ligados ao tratamento contra acne com Diane 35 "são conhecidos e estão claramente indicados na bula de informação ao paciente". De acordo com a companhia alemã, o medicamento só deve ser prescrito em casos de acne e "no respeito de suas contraindicações".
Paris - A Agência Nacional de Segurança dos Medicamentos e dos Produtos de Saúde (ANSM) da França anunciou ontem que pedirá às autoridades sanitárias do país que proíbam a prescrição do remédio Diane 35 para fins anticoncepcionais.
No fim de semana, a instituição divulgou que seu uso foi diretamente associado a quatro mortes por trombose ocorridas nos últimos 27 anos. Outras 25 mortes que teriam como causa coágulos sanguíneos estão sob suspeita.
As dúvidas sobre a segurança de pílulas anticoncepcionais de terceira e quarta gerações cresceram na França nas últimas seis semanas, depois que Marion Larat, de 25 anos, registrou queixa contra o grupo farmacêutico alemão Bayer, por atribuir o acidente vascular cerebral (AVC) que sofreu em 2006 ao uso de outra pílula, comercializada na Europa com o nome de Meliane.
Marion sofre de sequelas permanentes. O caso está sendo investigado pela Procuradoria-Geral de Bobigny, em Seine Saint-Denis, periferia de Paris.
Na quinta-feira passada (24), 14 reclamações semelhantes foram registradas em conjunto no Tribunal de Grande Instância da mesma cidade. O objetivo da ação é pedir uma investigação contra os fabricantes de pílulas contraceptivas de terceira e quarta gerações.
A ação também pede a abertura de um processo por homicídio culposo (sem intenção de matar) - e "atentado culposo contra a pessoa humana" contra a ANSM, responsável por verificar a segurança dos medicamentos na França. As queixas foram registradas por 11 vítimas de trombose (uma delas cerebral) e de AVC, todas com idades entre 18 e 46 anos, assim como por familiares de três mulheres mortas.
Além do Diane 35, elas também usaram outras marcas comerciais de pílulas de terceira e quarta gerações: Desobel, Gestodene, Ethinylestradiol30, Melodia, Carlin 20, Varnoline, Yaz, Jasmine e Jasminelle.
Em 2010 foi criada a Associação de Vítimas de Embolia Pulmonar (Avep), para advertir a opinião pública sobre os riscos gerados por essas pílulas. "Nós enfrentamos a resistência do corpo médico, de políticos, de associações feministas", diz o presidente da Avep, Pierre Markarian, que reclama da ineficiência das agências nacional e internacionais de controle de medicamentos. "Há exames para determinar se a pílula convém ou não, se o sangue coagula ou não", adverte.
Proibição
Na segunda-feira (28), Dominique Maraninchi, diretor-geral da ANSM, anunciou que a agência pedirá a interdição da prescrição média de Diane 35 como anticoncepcional. Originalmente, a pílula era um medicamento contra a acne, que, por seus efeitos contraceptivos, foi adotada por quase 315 mil mulheres em toda a França.
A medicação também é comercializada no Brasil. "É preciso parar com esse uso ambíguo e sua utilização como contraceptivo. É uma situação que durou tempo demais", disse Maraninchi, em entrevista à rádio parisiense RTL.
De acordo com ele, "há 25 anos Diane 35 não é autorizado a ser usado como contraceptivo". "É responsabilidade da agência fazer respeitar as indicações", afirmou Maraninchi.
Apesar do uso difundido, a Bayer nunca teria pedido o registro do medicamento como contraceptivo. "Além disso, nossos experts e ginecologistas consideram que não é um bom anticoncepcional", disse Maraninchi. Segundo estudo da ANSM, o uso de Diane 35 aumenta em sete vezes o risco de trombose.
Efeitos conhecidos
Na segunda-feira (28), em resposta, o laboratório Bayer divulgou uma nota na qual frisou que os riscos de coágulos sanguíneos ligados ao tratamento contra acne com Diane 35 "são conhecidos e estão claramente indicados na bula de informação ao paciente". De acordo com a companhia alemã, o medicamento só deve ser prescrito em casos de acne e "no respeito de suas contraindicações".