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Forças do Iraque são acusadas de torturar e matar civis em Mosul

A Anistia Internacional disse que até seis pessoas foram encontradas mortas no mês passado nos subdistritos de Shura e Qayyara

Mosul: o primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, negou o relatório da Anistia (Thaier Al-Sudaini)

Mosul: o primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, negou o relatório da Anistia (Thaier Al-Sudaini)

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Reuters

Publicado em 10 de novembro de 2016 às 16h42.

Bagdá - Forças do governo do Iraque torturaram e mataram civis ao sul de Mosul, disseram grupos de direitos humanos nesta quinta-feira, nos primeiros relatórios de supostos abusos na campanha apoiada pelos Estados Unidos para retomar a cidade do Estado Islâmico.

A Anistia Internacional disse que até seis pessoas foram encontradas mortas no mês passado nos subdistritos de Shura e Qayyara, que forças de seguranças suspeitam ter laços com o grupo jihadista ultrarradical que ocupou um terço do território iraquiano em 2014.

"Homens com uniformes da polícia federal cometeram múltiplos assassinatos, apreendendo e depois matando deliberadamente, a sangue frio, moradores de vilarejos ao sul de Mosul", disse Lynn Maalouf, vice-diretora de pesquisa do escritório da Anistia em Beirute.

O primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, negou o relatório da Anistia, dizendo que moradores, e não forças do governo, mataram membros do Estado Islâmico.

Ele também disse que a entidade está espalhando medo entre os iraquianos com seus relatórios e que será responsabilizada pelo deslocamento de pessoas que podem fugir da cidade em consequência deles.

O grupo Human Rights Watch (HRW) disse que ao menos 37 homens suspeitos de serem filiados ao Estado Islâmico foram detidos por forças iraquianas e curdas de postos de verificação, vilarejos, centros de triagem e campos para pessoas deslocadas nos arredores de Mosul e Hawija, mais ao sul.

Parentes contaram que não sabem onde a maioria dos homens estão detidos e que não conseguiram contatar nenhum deles durante sua detenção, de acordo com o relatório.

O HRW afirmou que tal conduta "aumenta significativamente o risco de outras violações", incluindo a tortura.

O porta-voz do Ministério do Interior negou ter havido qualquer violação e disse que as forças do Iraque respeitam os direitos humanos e a lei internacional.

Já o porta-voz do governo regional curdo refutou o relato do HRW, dizendo que quaisquer atrasos na notificação das famílias são limitados pela falta de recursos.

"Ninguém foi mantido em instalações desconhecidas. Eles são mantidos em instalações identificadas", afirmou Dindar Zebari.

A operação de Mosul, que envolve uma aliança de soldados, forças de segurança, combatentes curdos peshmerga e milícias xiitas que chegam a 100 mil efetivos e que têm apoio de ataques aéreos dos EUA, entrou em sua quarta semana, mas até agora só conseguiu se fixar em uma pequena parte da cidade.

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