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Festa do fim do Ramadã dá algumas horas de alívio a Gaza

Após 21 dias de bombardeios, o som da morte calou hoje por umas horas em Gaza, por razão das festas do fim do Ramadã

Crianças palestinas em banca de doces em escola de Gaza (AFP/Getty Images)

Crianças palestinas em banca de doces em escola de Gaza (AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2014 às 09h32.

Gaza - Após 21 dias de incessantes e duros bombardeios, o som da morte calou nesta segunda-feira por umas horas em Gaza, substituído pelos risos das crianças, pelas brincadeiras e as bolhas de sabão típicas da festa do fim do Ramadã.

Os menores retomaram as ruas das principais cidades, uns para trabalhar e ajudar suas famílias, e os menos para desfrutar por algumas horas dos presentes e as guloseimas, por assim dizer uma festa do "Eid" normal.

Em muitas das 69 escolas-albergue administras pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), nas quais foram abrigadas cerca de 200 mil famílias, às vezes em condições subumanas, a vida era hoje um pouco menos dolorosa.

"As crianças brincam porque são crianças e é o que têm que fazer. E nós lhes deixamos, mas isso é uma enorme tragédia. Não temos onde voltar, não temos dinheiro nem trabalho. O quê vamos fazer, viver aqui assim toda a vida?", se queixava à Efe Mohmad ao Nablusi, um merceeiro de Shahaiya.

Seu bairro, no leste da Cidade de Gaza, é um dos mais afetados pela enorme destruição e pelo terror que causaram os intensos e reiterados bombardeios por terra, mar e ar do exército de Israel.

Povoado por mais de 50 mil pessoas, hoje em dia é o exemplo da desolação, uma paisagem cinza de casas abatidas e ruas desertas que lembram a Berlim arrasada após cinco anos de I Guerra Mundial.

Segundo dados da ONU, nas três semanas de ofensiva Israel destruiu mais de 6.600 imóveis civis e casas, além de hospitais, mesquitas e escolas em um território de apenas não 325 quilômetros quadrados.

Mais de 250 mil se viram obrigadas a deslocar-se a escolas da ONU abarrotadas, mas também ao centro de Gaza cidade, transformada em um enorme campo de refugiados.

Hospitais, parques, apartamentos de poucos metros nos quais se juntam várias famílias, porões, portais, e inclusive lojas e armazéns recebem nesses dias a milhares de pessoas que se ficaram sem casa ou que não podem voltar a seus bairros pelos combates.

De acordo com um mapa divulgado no domingo pela UNRWA pelas redes sociais, as tropas israelenses penetraram em 44% da Faixa, no qual até o momento viviam cerca de 250 mil pessoas.

Hoje, uma das discussões recorrentes em cafeterias e mesquitas da Faixa era se essa aparente mudança de estratégia de "calma por calma, tiro por tiro", é o prelúdio de uma trégua definitiva que dará fim a 21 dias de conflito que mataram mais de 1.100 pessoas, na grande maioria, civis.

Mas, além disso, que futuro espera aos milhares e milhares de deslocados internos que não poderão voltar a suas casas em uma Faixa já por si empobrecida, na qual 4 de 5 de seus habitantes - calculados em 1,8 milhão - vive abaixo da linha de pobreza.

"É uma enorme tragédia humanitária de difícil solução cuja conta Israel não pagará, mas sim a comunidade internacional, como até agora", queixou-se uma fonte diplomática europeia que preferiu não ser identificada.

Até o momento, mais da metade dos habitantes da Faixa - alvo de três ofensivas bélicas israelenses em menos de seis anos - já dependiam da ajuda internacional.

A aparente calma dessa segunda-feira é fruto do cansaço dos dois oponentes mas também das pressões diretas dos EUA e do Conselho de Segurança da ONU.

Ontem à noite, o presidente americano, Barack Obama, ligou pessoalmente para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netnyahu, para exigir o fim definitivo e imediato das hostilidades, demandas às quais se uniu o principal órgão das Nações Unidas.

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