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FEM afirma que mundo não suporta uma nova crise global

Fórum Econômico teme as tensões geopolíticas e a falta de coesão social na comunidade internacional

Reunião de 2010 do FEM: fórum acredita que distribuição de renda é desigual (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2011 às 11h29.

Londres - O mundo não está em condições de resistir uma nova crise global, porque o colapso do sistema financeiro em 2008 esvaziou os cofres públicos e deixou os cidadãos sem economias, advertiu nesta quarta-feira o Fórum Econômico Mundial (FEM).

O FEM apresentou em Londres o relatório "Riscos Globais 2011", que insiste que o aumento da tensão geopolítica e a crescente falta de coesão social situaram os Governos e as sociedades em uma situação "especialmente vulnerável".

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"Cada vez é maior a preocupação pelos riscos globais, as probabilidades de uma propagação rápida das crises através de sistemas cada vez mais relacionados e a ameaça de efeitos catastróficos", afirmou Robert Greenhill, diretor-gerente do FEM.

Greenhill destacou "dois riscos globais transversais", de particular importância pelo alto grau de incidência e inter-relação: a desigualdade econômica e os maus Governos.

"Um maior desequilíbrio econômico se traduz em menos coesão social, um elemento que é crucial na recuperação das sociedades, como ficou demonstrado na capacidade da Suécia de superar seus problemas financeiros nos 90", afirmou.

Quanto aos Governos, o problema é que "não estamos vendo iniciativas por parte dos governantes para melhorar esta situação", denunciou Greenhill, que chamou a atenção sobre a incapacidade desde instâncias oficiais para calibrar o problema.

Segundo a análise do FEM, que pretende adiantar os potenciais riscos de uma década, o contexto dos riscos globais em 2011 se define por um paradoxo do século XXI, a que à medida que cresce a união do mundo, também aumentam as distâncias.


A globalização gerou crescimento econômico sustentado durante uma geração, remodelou o mundo, e aumentou seu grau de inter-relação e interdependência, mas gerou uma distribuição desigualdade da riqueza, com grande lucro para poucos.

Segundo o FEM, o crescimento de nações como China, Índia e Brasil "está se equilibrando no poder econômico entre os países, embora a desigualdade dentro de cada país cresce".

Além disso, os problemas de desigualdade econômica no âmbito nacional e internacional cada vez pesam mais e, no plano político, há indícios que se está produzindo um ressurgimento do nacionalismo, do populismo e da fragmentação social.

Para enfrentar estes problemas, "é fundamental melhorar a governança mundial", argumentou Greenhill, que considerou o consenso no marco do Grupo dos 20 (G20, grupo que reúne 20 países, entre os mais ricos e os emergentes) o evento mais importante dos últimos anos, à espera de confirmar seus efeitos positivos.

No terreno econômico, o FEM alertou também sobre a crescente volatilidade cambial, as crises fiscais, a derrubada dos preços dos ativos, os desequilíbrios das balanças comerciais e os níveis de endividamento dos países ricos.

No mesmo peso, estão as atividades ilegais, incluindo o narcotráfico, o tráfico de armas e a corrupção, que movimentam 10% da economia mundial e estão em "franco crescimento".

Outro foco de preocupação é o que o Fórum Econômico Mundial engloba no triângulo "água-alimentos-energia".

O rápido crescimento demográfico do mundo e a crescente prosperidade econômica estão exercendo pressões insustentáveis sobre os recursos, e o FME prevê que a demanda de água, energia e alimentos cresça entre 30% e 50% nos próximos 20 anos.

"Esperamos volatilidade no preço dos alimentos e de outras matérias-primas nas próximas décadas, algo que terá graves consequências dentro de um clima extremo crescente", afirmou John Drzik, diretor da empresa de consultoria Oliver Wyman Group.

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