Gabriel García Márquez: romancista foi mediador em várias tentativas de resolução do conflito entre Colômbia e Farc pela via da negociação com as guerrilhas (Festival Internacional de Cine en Guadalajara/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2014 às 20h21.
Bogotá - As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) lamentaram nesta quinta-feira a perda que a morte do escritor Gabriel García Márquez representa para o país e para o mundo.
O grupo guerrilheiro enviou esta mensagem através da conta dos negociadores de paz (Diálogos Paz Farc) no Twitter: "Perde Colômbia, perde o mundo pelo falecimento de Gabo. Suas obras salvaguardam sua memória. Confortamos sua família neste momento".
O prêmio Nobel de Literatura de 1982 faleceu hoje aos 87 anos de idade em sua casa na zona sul da Cidade do México, poucos dias após sair do hospital onde estava internado com uma infecção pulmonar.
García Márquez, sempre comprometido com a Colômbia, com a paz, e com a ideologia de esquerda, exerceu como mediador em várias tentativas de resolução do conflito pela via da negociação com as guerrilhas.
A primeira vez foi em 1985, quando o ex-presidente Belisario Betancur (1982-1986) iniciou um processo com as Farc, o Exército de Libertação Nacional (ELN), o Exército de Libertação Popular (EPL) e o Movimento 19 de Abril (M-19) e terminou com a entrega de armas apenas deste último grupo.
Em janeiro de 1999, participou como convidado especial do início dos frustrados diálogos de El Caguán no governo de Andrés Pastrana (1998-2002) com as Farc, e a última vez que esteve envolvido em mediações foi há nove anos, no governo de Álvaro Uribe (2002-2010), para uma aproximação com o ELN.
No último dia 4, no início do último ciclo de conversas entre os negociadores das Farc e do governo de Juan Manuel Santos, o número dois da guerrilha, "Ivan Márquez" (codinome de Luciano Marín Arango), transmitiu seus desejos de rápida recuperação a García Márquez, que então estava hospitalizado.