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FAO alerta que uma em cada oito pessoas no mundo passa fome

Há quase 870 milhões de famintos no mundo, segundo estudo da FAO


	O diretor da FAO, o brasileiro José Graziano: ele advertiu que desde 2007 se perdeu "velocidade e impulso" na luta contra a fome devido à crise econômica
 (Vincenzo Pinto/AFP)

O diretor da FAO, o brasileiro José Graziano: ele advertiu que desde 2007 se perdeu "velocidade e impulso" na luta contra a fome devido à crise econômica (Vincenzo Pinto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2012 às 09h10.

Roma - Uma em cada oito pessoas passa fome no mundo, ou seja, quase 870 milhões de seres humanos, segundo um estudo apresentado nesta terça-feira pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que denunciou que este número, apesar dos avanços registrados, continua sendo "elevado demais".

O diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, anunciou hoje em entrevista coletiva estes dados contidos no relatório sobre o "Estado da Insegurança Alimentar no Mundo" referente ao biênio 2010-2012 e elaborado em colaboração com o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Graziano destacou que este estudo apresenta "boas notícias, já que foi possível avançar na redução da fome" nas últimas décadas, mas lamentou que um número como o de 870 milhões de famintos, dos quais cerca de 850 milhões vivem em países em desenvolvimento, continua sendo "elevado demais" e é "inaceitável" em um mundo que dispõe de recursos suficientes.

Segundo os dados divulgados pela FAO, que nesta última edição do relatório utilizou uma nova metodologia melhorada, o número de famintos no mundo passou de 1 bilhão no biênio 1990-1992, o que representava 18,6% da população global, a 868 milhões em 2010-2012, 12,5% da população.

Dessa forma, o principal responsável da FAO ressaltou que é possível conseguir cumprir a meta fixada nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) que persegue reduzir pela metade a proporção de pessoas que passam fome até 2015.

No entanto, Graziano afirmou que "o número que corresponde à fome é zero" e advertiu que desde 2007 se perdeu "velocidade e impulso" nesta luta, devido ao arrefecimento econômico registrado em nível global, ao mesmo tempo em que destacou o impacto que teve sobre os mais pobres a alta dos preços dos alimentos.


Ressaltou que se está perdendo a batalha na África, onde entre 1990 e 2012 se registrou um aumento de cerca de 64 milhões de pessoas que passam fome, e insistiu na relação entre as situações de conflito e a insegurança alimentar, como se observou no Oriente Médio.

Graziano também se referiu à região da Ásia e do Pacífico com uma redução de 195 milhões de famintos em 20 anos, ou o que qualificou de "histórias de êxito" de alguns países que conseguiram reduzir a fome em mais de um terço em seus territórios como é o caso, na América Latina, de Brasil, Peru e Nicarágua.

O relatório da FAO salienta a importância do crescimento econômico na luta contra a fome e a desnutrição, embora lembre que para que esse crescimento incida em uma melhora da nutrição dos mais necessitados é preciso que os pobres participem tanto no processo como em suas consequências.

Nesta linha, a diretora de programas do PMA, Valerie Guarnieri, insistiu na necessidade de criar sistemas de proteção social que assegurem essa participação nos benefícios, como mecanismos que permitam um melhor acesso aos alimentos ou à saúde para as famílias, as mulheres e as crianças.

Guarnieri também aludiu aos estudos dos quais se desprende que uma gestão dos recursos nas mãos das mulheres derivam em um efeito positivo no bem-estar das famílias, especialmente na saúde das crianças.

O relatório da FAO ressalta, além disso, o potencial que tem o crescimento agrícola na hora de reduzir a fome e a desnutrição, especialmente quando se inclui os pequenos agricultores.

O estrategista principal do FIDA, Carlos Serè, assinalou que em dito âmbito é necessário o investimento do setor público e privado, sublinhando, por sua vez, a necessidade de criar "bons incentivos" e que estes cheguem aos pequenos agricultores. EFE

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