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Falta de água e más condições de trabalho afetam palestinos

Israelenses controlam o fornecimento de água no Vale do Jordão e só deixam que o recurso chegue aos palestinos apenas três vezes por semana


	Enquanto o consumo de água de um cidadão israelense é cerca de 2,4 mil metros cúbicos por ano, o de um palestino é de cerca de 50 metros cúbicos anuais
 (Thinkstock)

Enquanto o consumo de água de um cidadão israelense é cerca de 2,4 mil metros cúbicos por ano, o de um palestino é de cerca de 50 metros cúbicos anuais (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2015 às 12h59.

Amã - Uma das primeiras atividades da Missão Humanitária a Gaza, organizada pelo Fórum Social Mundial e que conta com a participação de 13 brasileiros, foi visitar o Vale do Jordão. Localizada às margens do Rio Jordão, na fronteira da Palestina com a Jordânia, a região é conhecida como Cesta de Frutas.

Com água em abundância e terra fértil, o lugar é famoso pela produção de tâmaras, uvas e outras frutas. A população local, no entanto, enfrenta dificuldades no dia a dia, como a falta de acesso à água potável e más condições de trabalho.

A Missão Humanitária a Gaza começou a ser organizada em novembro de 2014 pelos integrantes brasileiros do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial. O objetivo do grupo é levar apoio aos palestinos que vivem na Faixa de Gaza, região que teve cerca de 96 mil casas e edifícios destruídos e 2.272 mortos depois dos bombardeios de junho de 2014.

A partir do Acordo de Oslo, assinado em 1993 entre a Palestina e Israel, o território palestino foi dividido em três áreas de controle. A região A é de controle exclusivo da Autoridade Nacional Palestina. A área B ficou sob administração palestina e controle militar israelense. E a C é totalmente controlada pelo governo de Israel.

Na prática, Israel exerce controle total de quem entra em cada um desses territórios, assim como de quem sai. Os assentamentos ilegais, que na prática significam a expansão da colonização israelense no território palestino, continuam crescendo.

O Vale do Jordão, que também tem regiões divididas em zonas A, B e C, está cercado por fazendas instaladas por Israel, autorizadas a perfurar o solo até o acesso à água potável. Já os agricultores palestinos não podem ultrapassar os 150 metros de profundidade, nível em que o líquido ainda é salobro.

Por não terem acesso à água potável, as famílias palestinas dependem de empresas israelenses para o abastecimento. Elas recebem água de duas a três vezes por semana. Já para os fazendeiros e famílias israelenses, essa realidade é completamente distinta, uma vez que o fornecimento de água é contínuo.

Segundo dados do Palestine Monitor, enquanto o consumo de água de um cidadão israelense é cerca de 2,4 mil metros cúbicos por ano, o de um palestino é cerca de 50 metros cúbicos anuais.

Além da restrição de acesso a água, os palestinos que vivem na região enfrentam outras dificuldades. Na Vila de Faisayl, última comunidade a resistir aos assentamentos de colonos israelenses no Vale do Jordão, a maioria da população trabalha nas fazendas israelenses, recebendo entre US$ 10 e US$ 17 por dia de trabalho e sem qualquer outro direito, como descanso semanal remunerado, assistência médica ou hora extra.

De acordo com Sireen Khudairi, que integra o grupo Solidariedade ao Vale do Jordão, é possível encontrar até mesmo crianças trabalhando na colheita de tâmaras nas fazendas.

A demolição de casas e prédios públicos, como a escola local, também faz parte do cotidiano do vilarejo. Na semana que antecedeu a visita da missão, os moradores de Faisayl testemunharam a demolição ilegal de mais uma casa na região.

Segundo Rashed Swafty, que coordena o grupo, os soldados israelenses chegam dias antes da ação para avisar às famílias que a casa será derrubada, sem dar justificativas.

Há cerca de dois anos, a escola da vila foi demolida. Os moradores palestinos resistem reconstruindo suas casas em regime de mutirão e com a fabricação dos próprios tijolos, uma vez que a chegada de material de construção no vilarejo palestino é proibida.

Apesar do clima pacífico e amistoso com que a missão brasileira foi recebida, uma placa em inglês e hebraico, no começo da estrada que dá acesso ao vilarejo, avisa: "a entrada é perigosa para israelenses".

O governo de Israel foi procurado pela reportagem, mas, devido aos feriados da Páscoa Hebraica, não pode atender à equipe.

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