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Exército ucraniano e rebeldes lutam por aeroporto de Donetsk

A intensificação dos combates e bombardeios em áreas povoadas deste reduto pró-russo causou a morte de 11 pessoas em dois dias

Fumaça do aeroporto de Donetsk: "Controlamos 95% do aeroporto", declarou líder separatista (AFP)

Fumaça do aeroporto de Donetsk: "Controlamos 95% do aeroporto", declarou líder separatista (AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2014 às 21h55.

Intensos combates causaram estragos nesta sexta-feira na cidade ucraniana de Donetsk (leste), perto do aeroporto estratégico disputado entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-russos que, de acordo com Kiev, receberam reforços procedentes da Rússia.

A intensificação dos combates e bombardeios em áreas povoadas deste reduto pró-russo causou a morte de 11 pessoas em dois dias, levando as Nações Unidas a alertarem para uma "perigosa escalada", um mês depois da frágil trégua assinada entre Kiev e os separatista

De acordo com Kiev, os rebeldes lançaram um ataque durante a noite contra um terminal do aeroporto, repelido pelos soldados ucranianos. Parte da estrutura pegou fogo.

Em um posto de controle situado dois quilômetros a leste do aeroporto, uma equipe da AFP ouviu nesta sexta-feira disparos de artilharia pesada e de armas automáticas.

"Há disparos ininterruptos desde as 07h00 (01h00 de Brasília). Disparamos com canhões e (os ucranianos) respondem com artilharia pesada, mas sem direção", afirmou um combatente pró-russo, que pediu para não ser identificado.

"Controlamos 95% do aeroporto", declarou o líder separatista em Donetsk, Alexandre Zakharshenko, à agência de notícias russa Ria Novosti. "Que fique claro. Não fomos nós que atacamos o aeroporto. São eles que tentam nos expulsar de lá", afirmou.

O porta-voz militar ucraniano, Andrii Lysenko, disse que a Rússia tinha enviado "carros de combate, armamento pesado e soldados" aos separatistas, assim como drones "guiados por especialistas russos".

Violação da trégua

Kiev e as potências ocidentais acusam o Kremlin de jogar lenha na fogueira em um conflito que desde abril causou a morte de mais de 3.200 mortos e obrigou meio milhão de pessoas a fugirem de casa. Moscou nega essas acusações.

Desde o início do cessar-fogo, em 5 de setembro, cerca de 70 soldados e civis ucranianos morreram, segundo uma contagem da AFP.

"O cessar-fogo foi violado mais de 1.000 vezes, e soldados e civis continuam morrendo", lamentou o presidente do Parlamento ucraniano, Olexandre Turchinov, em um encontro com líderes religiosos. Turchinov afirmou que a "agressão russa" à Ucrânia não acabou.

Kiev e os rebeldes pró-russos trocam acusações pela morte do suíço Laurent DuPasquier, membro do Comitê Internacional de Cruz Vermelha (CICV), em um bombardeio na noite de quinta-feira.

Para Kiev, trata-se de um "ato terrorista" praticado pelos separatistas, enquanto os pró-russos afirmaram que a morte do trabalhador humanitário é fruto do bombardeio indiscriminado do Exército ucraniano.

"Kiev não quer reconhecer algo óbvio: o bairro de Donetsk atingido pelos disparos está em território controlado pelos rebeldes e os tiros foram efetuados a partir de posições ocupadas pelas forças ucranianas", indicou o Ministério das Relações Exteriores russo em um comunicado.

Neste contexto de aumento da tensão, uma autoridade ucraniana afirmou que o ex-presidente da Ucrânia Viktor Yanukovytch, destituído em fevereiro, obteve a nacionalidade russa.

"Sinceramente, não sei", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em declarações concedidas a uma rádio local, ao ser perguntado a respeito. Yanukovytch está "sob proteção do Estado russo", lembrou.

Na âmbito energético, as autoridades ucranianas anunciaram um acordo com a gigante norueguesa Statoil para ajudá-las a enfrentar um corte do fornecimento de gás russo. Tanto a Statoil como a companhia ucraniana Naftogaz se negaram a revelar o preço do gás fornecido.

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