Membro de forças leais ao presidente Bashar al-Assad instala bandeira da Síria sobre um portal em Qusair (SANA/Divulgação via Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de junho de 2013 às 10h58.
Beirute - Forças sírias e combatentes aliados do grupo militantes libanês Hezbollah assumiram o controle da cidade fronteiriça de Qusair, nesta quarta-feira, impondo uma derrota estratégica aos rebeldes que lutam há dois anos para derrubar o presidente Bashar al-Assad.
Os rebeldes disseram ter se retirado de Qusair, que fica em uma rota de suprimentos na fronteira com o Líbano, após duas semanas de duras batalhas que marcaram o mais profundo envolvimento militar do Hezbollah até agora na guerra civil da Síria.
Um combatente do Hezbollah declarou à Reuters que eles tomaram a cidade em uma ofensiva rápida durante a noite, permitindo que alguns combatentes rebeldes fugissem. "Fizemos um ataque0surpresa nas primeiras horas e entramos na cidade. Eles escaparam", disse.
Qusair estava em poder dos insurgentes havia mais de um ano. Imagens de televisão da cidade, nesta quarta-feira, mostram devastação generalizada, com prédios reduzidos a escombros, ruas destruídas e nenhum morador à vista.
As forças de Assad lutaram arduamente para tomar a cidade, reafirmando o controle do governo sobre um corredor através da província central de Homs, que liga Damasco à área costeira que concentra a minoria muçulmano alauíta, um ramo do islamismo xiita do qual Assad faz parte.
"Quem controla Qusair controla o centro do país, e quem controla o centro do país, controla toda a Síria", disse o brigadeiro Yahya Suleiman, falando à TV Mayadeen, que tem sede em Beirute.
A TV do Hezbollah, a Al-Manar, mostrou um homem subindo ao relógio da torre na praça central, cravado de balas, para ali fincar uma bandeira síria, enquanto tanques e tropas se moviam pelas ruas.
"Nossas heroicas Forças Armadas voltaram a garantir a segurança e estabilidade a todos da cidade de Qusair", disse um comunicado divulgado pela televisão estatal síria.
A retomada do controle da cidade é a mais recente vitória militar de Assad, que lançou uma série de ofensivas contra os rebeldes, majoritariamente muçulmanos sunitas, que lutam para derrubá-lo e acabar com as quatro décadas de poder da família Assad.
Mais de 80.000 pessoas morreram nos combates e mais de 1,6 milhão de sírios fugiram de um conflito que tem alimentado as tensões sectárias no Oriente Médio, respingado no vizinho Líbano e dividindo as potências mundiais.
No sul de Beirute, reduto do Hezbollah, os moradores lançaram fogos de artifício para celebrar a reconquista de Qusair.
A retomada do controle de Qusair fortalece a posição de Assad nas negociações de paz que estão sendo planejadas e que autoridades norte-americanas e russas vão discutir em Genebra, nesta quarta-feira, com o enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi.
Os rebeldes disseram ter-se retirado de Qusair por causa do enorme arsenal das forças pró-Assad e de sua falta de suprimentos, "e a intervenção descarada do Hezbollah".
"Dezenas de combatentes ficaram para trás para garantir a retirada de seus companheiros, e dos civis", afirmaram os insurgentes em um comunicado.