Imagem do centro de detenção Camp Delta na base americana de Guantánamo (AFP / Michelle Shephard)
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2013 às 22h38.
Washington - Dois ex-prisioneiros da base naval de Guantánamo, em Cuba, que gozavam do status de refugiados desde 2012 em El Salvador, abandonaram o país centro-americano e tem paradeiro desconhecido, revelou nesta sexta-feira a agência Efe uma fonte oficial americana.
Ian Moss, porta-voz do escritório encarregado do fechamento da prisão de Guantánamo no Departamento de Estado dos EUA, confirmou o desaparecimento dos dois indivíduos chineses da etnia uigur, identificados pela imprensa americana como Abdul Razak e Ahmad Muhamman.
'Os dois uigures que se refugiaram em El Salvador abandonaram esse país', assinalou a Efe Moss, que se negou a comentar sobre a decisão ou sobre seu paradeiro atual.
Os uigures são uma minoria étnica de religião muçulmana assentada no noroeste da China, onde operam grupos independentistas que segundo Pequim realizaram vários atos terroristas nas últimas décadas, entre eles o massacre que em 2009 deixou 200 mortos em Urumqi, capital dessa região de Xinjiang.
Grupos pró-direitos humanos e uigures no exílio alegam que Pequim usa a desculpa do terrorismo para reprimir a identidade uigur e a religião islâmica na região, que teve breves períodos de independência no século XX e outras épocas.
Vários uigures foram presos e enviados a Guantánamo durante a 'guerra contra o terrorismo' lançada depois do atentado de 11 de setembro pelo governo americano de George W. Bush, e passaram anos detidos na base da Marinha americana na ilha de Cuba.
Os Estados Unidos libertaram presos uigures e os enviou a diversos países centro-americanos e caribenhos diante do temor de serem condenados à morte e executados caso fossem repatriados à China.
'O governo de El Salvador foi um de vários países que ofereceram amparar alguns destes indivíduos, e os EUA são muito agradecidos por esse gesto humanitário e essa ajuda', afirmou Moss.
De acordo com uigures próximos ao caso citados pelo grupo editorial americano 'McClatchy', é provável que os dois ex-prisioneiros estejam a caminho da Turquia.
O presidente americano, Barack Obama, expressou em várias ocasiões seu desejo de fechar a prisão e em maio prometeu dar um novo impulso a esse objetivo, que encontrou repetidamente oposição de parte do Congresso, especialmente na realocação ou julgamento de presos nos EUA.