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Ex-premiê português segue em prisão preventiva

José Sócrates permanece em prisão preventiva, sob suspeita de evasão fiscal e lavagem de dinheiro

Manchetes de jornais portugueses hoje, com destaque para a prisão do ex-primeiro-ministro José Sócrates (Patricia de Melo Moreira/AFP)

Manchetes de jornais portugueses hoje, com destaque para a prisão do ex-primeiro-ministro José Sócrates (Patricia de Melo Moreira/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2014 às 13h57.

Lisboa - O ex-primeiro-ministro de Portugal José Sócrates permanece em prisão preventiva, sob suspeita de evasão fiscal e lavagem de dinheiro, em um caso que chocou o país.

Sócrates, um socialista de 57 anos, foi detido de surpresa na sexta-feira no aeroporto de Lisboa ao chegar em um voo procedente de Paris.

Depois de prolongados interrogatórios na segunda-feira relacionados à acusação de corrupção, um magistrado decidiu que o ex-chefe de Governo deveria permanecer detido.

Sócrates, que foi primeiro-ministro de 2005 a 2011, foi colocado sob investigação formal por "fraude fiscal, corrupção e lavagem de dinheiro", de acordo com o comunicado do juiz lido aos jornalistas.

Esta decisão é "profundamente injusta e injustificável", comentou João Araujo, advogado do ex-chefe de Governo português, antes de anunciar sua intenção de recorrer.

O empresário Carlos Santos Silva e o motorista particular de Sócrates, João Perna, também estão em prisão preventiva. O advogado Gonçalo Trindade Ferreira foi libertado sob controle judicial.

Nos últimos dias foram realizadas buscas na residência de Sócrates e nos gabinetes relacionados à investigação.

Luis Montenegro, líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD, no poder), afirmou que a imagem de Portugal foi manchada "tanto internamente quanto no exterior pelo que aconteceu nos últimos dias".

Governo permanece em silêncio

O governo de centro-direita fez poucas declarações sobre a questão.

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho declarou no domingo que ela "pertence à lei, e não à política", e que Portugal "tem instituições fortes que funcionam".

A prisão de Sócrates é a última bomba que explode na política portuguesa, após um escândalo que custou o posto do ministro do Interior, Miguel Macedo, na semana passada.

De acordo com a imprensa portuguesa, a investigação foi decidida depois de informações do banco estatal Caixa Geral de Depósitos.

A polícia investiga grandes somas transferidas à conta de Sócrates, que parecem incompatíveis com as receitas declaradas ao fisco.

A justiça se interessa de perto pelo preço de um luxuoso apartamento parisiense, estimado em cerca de três milhões de euros, no qual Sócrates viveu em 2012 para estudar Filosofia em Ciência Política.

"Não tenho capitais nem contas no exterior. Sempre vivi do meu trabalho", afirmou Sócrates em julho, quando a imprensa o citou em um caso de lavagem de dinheiro.

O caso colocou em apuros o prefeito de Lisboa, Antonio Costa, que foi ministro do Interior com Sócrates e agora é secretário-geral do Partido Socialista português.

Perguntado sobre a herança política de Sócrates, Costa negou-se a tomar distância e declarou que "o PS não adota práticas stalinistas consistentes em apagar das fotos" os antigos líderes.

José Sócrates anunciou sua renúncia como primeiro-ministro em março de 2011, depois que o Parlamento rejeitou um novo programa de austeridade orçamentária.

Pouco depois, Portugal, à beira da quebra, foi forçado a pedir uma ajuda financeira de 78 bilhões de euros à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional, em troca de um programa de rigor de três anos que terminou em maio.

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