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Ex-funcionários da Justiça dos EUA pedem a renúncia do procurador-geral

Os signatários acusam Trump e Barr de ignorar o princípio fundamental de equanimidade e imparcialidade na aplicação das leis

William Barr: Quatro promotores do Departamento de Justiça renunciaram ao caso na semana passada em aparente protesto contra a interferência do presidente (Gisbert Paech/Getty Images)

William Barr: Quatro promotores do Departamento de Justiça renunciaram ao caso na semana passada em aparente protesto contra a interferência do presidente (Gisbert Paech/Getty Images)

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AFP

Publicado em 16 de fevereiro de 2020 às 17h55.

Mais de mil ex-funcionários do Departamento de Justiça dos Estados Unidos assinaram uma petição pedindo a renúncia do procurador-geral William Barr por sua intervenção para reduzir a sentença de Roger Stone, um ex-conselheiro de campanha e amigo do presidente Donald Trump.

Os signatários do texto divulgado na internet acusam Trump e Barr de "abertamente e repetidamente" ignorar o princípio fundamental de equanimidade e imparcialidade na aplicação das leis.

A petição decorre do escândalo político causado pelas acusações de que Barr decidiu, supostamente pressionado por Trump, desautorizar seus próprios promotores e buscar uma sentença mais leve para Stone.

Quatro promotores do Departamento de Justiça renunciaram ao caso na semana passada em aparente protesto contra a interferência do presidente.

"Uma pessoa não deve receber tratamento especial em um processo criminal por ser um aliado político próximo ao presidente", afirma o comunicado.

"Os governos que usam o poder de fazer cumprir a lei para punir seus inimigos e recompensar seus aliados não são repúblicas constitucionais; são autocracias", acrescenta.

Os promotores que trabalham no caso recomendaram uma sentença de sete a nove anos de prisão, depois que Stone foi considerado culpado de obstrução de uma investigação do Congresso sobre a interferência da Rússia na campanha eleitoral de 2016 e de fornecer falso testemunho.

No Twitter, Trump criticou a recomendação e a chamou de "horrível e muito injusta".

Horas após a publicação do tuíte, Barr interveio no caso e eliminou a recomendação como "excessiva e desproporcional".

Sua intervenção gerou de indignação, que Barr tentou conter durante uma entrevista na televisão na quinta-feira, quando disse que os tuítes do presidente tornam seu trabalho "impossível".

Os ex-funcionários acrescentam que receberam de bom grado o "reconhecimento tardio" de Barr dos danos causados pelos ataques de Trump aos promotores, mas que as ações de Barr motivadas pela pressão do presidente "são um sinal mais forte do que suas palavras".

"Essas ações e os danos que causaram à reputação do Departamento de Justiça sobre sua integridade e o mandato da lei exigem que o sr. Barr renuncie", acrescenta a petição.

Por outro lado, a assessora da Casa Branca Kellyanne Conway defendeu as ações do presidente na rede Fox News, insistindo que Trump não deu nenhuma ordem a Barr e descreveu como "hipocrisia" a pretensão de que um presidente se abstenha de comentar sobre uma questão criminal.

Os ex-funcionários, no entanto, alegam que é sem precedentes que um alto funcionário do Departamento de Justiça desautoriza os promotores em um caso "para dar tratamento preferencial a um colaborador próximo do presidente, como fez o procurador-geral Barr no caso Stone. "

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