Mãe conversa com o filho, vítima da bactéria, na cidade alemã de Hamburgo (Patrick Lux/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2011 às 16h55.
Berlim - Uma epidemia de diarreia que começou na Alemanha e se estende pela Europa agravou-se ainda mais nesta quarta-feira, com um novo caso, que aumentou para 17 o número de mortos, enquanto centenas de alemães ficaram doentes nas últimas horas.
Apenas na Baixa Saxônia e em Schleswig Holstein, 200 novos casos foram registrados pelas autoridades médicas, elevando o número para 1.900 desde o início de maio, de acordo com a agência alemã DPA.
"Registramos uma novo aumento nos casos de contaminação", declarou em Hamburgo, Cornelia Prüfer-Storcks, maior autoridade de Saúde dessa cidade, um dos principais focos da epidemia, onde o número total de doentes chegou a 668, 119 a mais do que na véspera.
A União Europeia enfrenta "uma grave crise" e tudo deve ser feito para identificar o mais rápido possível a causa da epidemia, declarou o comissário europeu encarregado da Saúde, John Dalli.
A Comissão Europeia menciona também uma "crise de consumo" em toda a Europa, com "uma diminuição radical do consumo de frutas e legumes, e não apenas dos pepinos", segundo um de seus porta-vozes.
Espanha, Holanda e Alemanha pediram ajuda à União Europeia frente a queda de suas vendas nesse setor.
As autoridades de saúde de Hamburgo reconheceram na terça-feira que erraram ao terem lançado suspeitas sobre os pepinos espanhóis como vetores da contaminação.
A Espanha pretende apresentar uma queixa contra Hamburgo.
As pesquisas foram relançadas com novas ferramentas para combater uma das mais graves epidemias desse tipo já registradas no mundo. Ela se manifesta por meio de hemorragias no sistema digestivo e, nos casos mais graves, com problemas renais (Síndrome Hemolítica-urêmica, SHU).
O Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos (BfR) anunciou a criação de um novo teste, em parceria com pesquisadores franceses da Agência Nacional de Segurança Sanitária (Anses), para detectar a bactéria em alimentos.
"Esperamos que esse teste contribua para a descoberta da fonte da contaminação pela cepa 0104:H4 da bactéria Ehec e para a rápida retirada do mercado dos alimentos que ofereçam risco", declarou Andreas Hensel, diretor do Instituto, em um comunicado.
A Universidade de Münster (oeste) havia anunciado na véspera a criação de um outro teste, que permite, segundo ela, identificar a bactéria mortal em um prazo de quatro a 24 horas.
Novos casos continuam a ser anunciados no restante da Europa, principalmente na Holanda, e até nos Estados Unidos. Todos os pacientes, aparentemente, passaram pela Alemanha.
Dezessete mortes foram registradas pelas autoridades médicas alemãs e na Suécia, onde a primeira morte fora da Alemanha foi constatada na terça-feira.
Em Berlim, o Instituto Federal Robert Koch (RKI), ecarregado da vigilância sanitária do país, anunciou nesta quarta-feira treze mortes causadas pela bactéria -quatro a mais do que na véspera--, sendo nove em decorrência da síndrome SHU.
A diferença entre seu registro e o das autoridades regionais é explicada apenas pelo espaço de tempo na transmissão de informações.
Em Hamburgo, as autoridades de saúde mantinham as análises em restaurantes, mercados e lojas para tentar descobrir os vetores da bactéria. A cidade lançou pedidos de doação de sangue.
O RKI mantém suas recomendações para que as pessoas evitem o consumo de saladas, tomates e pepinos crus.