EUA teve mais de 300 tiroteios em massa só neste ano
Número de tiroteios em massa tem crescido nos Estados Unidos. Nesta segunda-feira, um homem abriu fogo contra a multidão em um desfile que celebrava a Independência do país
Carolina Riveira
Publicado em 4 de julho de 2022 às 16h36.
Última atualização em 4 de julho de 2022 às 16h51.
Pelo menos seis pessoas morreram e 20 ficaram feridas nos Estados Unidos após um homem atirar contra uma multidão no desfile de 4 de julho. O episódio em um subúrbio de Chicago é mais um entre a lista de tragédias que marcaram o país neste ano.
Os Estados Unidos tiveram mais de 308 tiroteios em massa registrados em 2022, segundo números da organização Gun Violence Archive, que mapeia os casos.
Os atentados já mataram mais de 330 pessoas e feriram mais de 1,3 mil até o momento, com pelo menos um ataque em massa por semana.
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Para ser classificado como ataque em massa, o ocorrido precisa ter deixado ao menos quatro mortos ou feridos, no critério da Gun Violence Archive. Isto é, há ainda outros casos, com vítimas, mas que não entram nos mais de 300 registros do ano.
Em um mesmo mês em solo americano, há mais dias com ataques em massa do que sem, segundo o histórico dos episódios.
Só neste 4 de julho, além do ataque ao desfile em Highland Park, subúrbio de Chicago, foram registrados ao menos mais dois episódios, ambos sem mortos (um em outro local na própria cidade de Chicago, com cinco feridos, e outro em Richmond, na Virgínia, com seis feridos).
Mais cedo neste ano, um ataque a uma escola em Uvalde, no Texas, deixou 19 crianças e duas professoras mortas em junho. A tragédia, envolvendo majoritariamente crianças de 10 anos de idade, reabriu o debate sobre acesso a armas nos EUA.
Duas semanas depois, outro tiroteio ganhou as manchetes, depois que um homem abriu fogo contra um hospital em Tulsa, no Oklahoma, deixando quatro mortos. Ambos os atiradores morreram em seguida.
Histórico de violência com armas nos EUA
Os EUA convivem com atentados a tiros há décadas. No geral, um chamado “lobo solitário”, cidadão americano, com problemas psicológicos e fácil acesso a armas de alto calibre, abre fogo contra um espaço público ou cheio de cidadãos presentes. Uma escola, um show, um comércio: todos são potenciais locais de risco. Na soma da última década, foram mais de 1,3 mil mortos em ataques do tipo.
Mas, mesmo para esse histórico, autoridades apontam que o total de atentados tem crescido. O número de ataques em massa nos cinco primeiros meses do ano mais que dobrou em relação ao mesmo período oito anos atrás, em 2014.
Embora a violência e a ação de criminosos seja comum em toda parte do mundo—incluindo em países como o Brasil, com alta taxa de homicídios —, chama atenção a disparidade entre os EUA e outros países desenvolvidos.
A taxa de homicídios com armas nos EUA é mais de 25 vezes maior do que a de qualquer outro país de renda alta, segundo dados coletados em bases públicas e estudos pela organização GunPolicy.org, projeto da Escola de Saúde Pública de Sydney, na Austrália.
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A taxa de morte por armas nos EUA é de 12 vítimas fatais a cada 100 mil habitantes. No Reino Unido, é de menos de 0,20. Na Alemanha, cerca de 1,0 e na França, perto de 2,5. Os EUA têm também mais armas do que pessoas, uma taxa superior a qualquer outro país rico do mundo.
A disparidade com outros países ricos com frequência é mencionada por políticos e ativistas que defendem maior controle da venda de armas entre os americanos. O caso australiano, que deixou as leis mais rígidas após ataques (e viu o número de assassinatos diminuir ), é um dos exemplos.
Disputa política sobre armamentos
O presidente americano, Joe Biden, classificou repetidas vezes a situação americana como uma "carnificina". Biden defende que o Congresso passe leis mais rigorosas, sobretudo para a compra de armas de alto calibre por cidadãos comuns, como rifles, frequentemente usadas nesse tipo de massacre.
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"Por que, em nome de Deus, um cidadão comum poderia comprar uma arma de assalto com carregadores de 30 cartuchos, que permite que atiradores em massa disparem centenas de balas em questão de minutos?”, disse.
O direto à compra de armas está na segunda emenda da Constituição americana, o que torna o tema sensível nos EUA. No polarizado debate sobre armas no país, alguns pontos são defendidos pela maioria da população, da direita à esquerda, como maior controle dos antecedentes de quem compra os armamentos. A maior restrição no acesso a rifles, no entanto, é um debate mais polêmico. No geral, estados mais progressistas têm leis mais rigorosas sobre o tema, mas passar uma legislação nacional que restrinja o acesso nacionalmente é visto como mais difícil.