EUA serão críticos solitários do iuane no G20
Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, pode acabar sozinho na crítica ao iuane
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2010 às 10h12.
Washington - O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, enfrenta uma campanha solitária para transformar a política cambial chinesa em uma das principais questões da próxima cúpula do G20, com possíveis aliados evitando o confronto com Pequim.
Pressionado por parlamentares norte-americanos, Geithner prometeu na semana passada que mobilizaria os países da cúpula de 11 e 12 de novembro na Coreia do Sul para apressar a valorização do iuane pela China.
Entrevistas com autoridades dos países do G20 sugerem que Geithner --que já admitiu que poucos países estariam dispostos a confrontar a China-- pode acabar sozinho na crítica ao iuane em Seul.
"Os EUA estão mais determinados que o resto do G20 para tirar algo da China sobre o iuane", disse uma autoridade monetária da zona do euro, que preferiu não ser identificada.
"É uma questão amplamente bilateral, com o restante assistindo como espectadores porque não importam o suficiente ou porque não estão muito interessados", disse a autoridade.
O ministro das Finanças sul-coreano, Yoon Jeung-hyun, descartou a possibilidade do iuane ser debatido na cúpula de Seul, dizendo que o fórum pode, ao invés disso, discutir as taxas de câmbio em geral ou seus efeitos sobre a economia global.
Em uma medida que deve aumentar a tensão com a China, o Comitê de a Câmara dos Deputados norte-americana responsável por tributação ("Ways and Means") aprovou na sexta-feira uma lei que pode permitir a criação de impostos sobre produtos importados de países com moedas subvalorizadas. Porém, a proposta de lei ainda terá de enfrentar as perspectivas incertas do Senado para ser sancionada.
Desde que o banco central da China deixou a taxa do iuane flutuar de forma mais livre, a moeda acumula alta de 1,8 por cento.
Os congressistas norte-americanos acreditam que a China mantém o iuane 40 por cento subvalorizado para incentivar as exportações, prejudicando o mercado de trabalho dos EUA -- uma alegação questionada por muitos economistas.
Solidariedade dos Brics
Contudo, a China poderá contar com a solidariedade dos colegas dos Brics --Brasil, Rússia e Índia-- no G20.
"Essa ideia de colocar pressão sobre um país não me parece que seja o caminho para soluções", disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, à Reuters na semana passada.
"Nós temos uma boa coordenação com a China e temos conversado com a China. Não podemos nos esquecer de que hoje ela é o nosso principal cliente", completou Amorim.
De forma semelhante, a Rússia está satisfeita com as relações comerciais com a China, exportando matérias-primas e energia mas não os bens manufaturados que competem contra os produtos chineses de baixo custo. Moscou tende a falar somente em termos gerais sobre flexibilidade cambial.
"A Rússia não tem uma grande relação comercial com a China, e politicamente eu não acho que é lucrativo para a Rússia apoiar isso", disse Evgeny Gavrilenkov, economista-chefe da Troika Dialog, em Moscou.
Visitando Nova York para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na semana passada, o premiê chinês, Wen Jiabao, rejeitou definitivamente qualquer ligação entre o valor do iuane e os déficit comerciais dos EUA.
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