EUA: perspectiva de desemprego alto, apesar de medidas do Fed
Índice que será divulgado amanhã deve mostrar desemprego estável e desaceleração na criação de novas vagas
Da Redação
Publicado em 4 de novembro de 2010 às 16h53.
Washington - Os Estados Unidos enfrentam a perspectiva de desemprego alto durante algum tempo, no momento em que o Federal Reserve embarca em uma arriscada e incerta travessia para recuperar um sólido crescimento econômico.
Todos os olhares vão se voltar para o informe sobre emprego de outubro, que será publicado nesta sexta-feira e que provavelmente mostrará uma desaceleração na criação de empregos e uma taxa de desocupação estancada em 9,6% pelo terceiro mês consecutivo.
O Federal Reserve anunciou na quarta-feira que injetará 600 bilhões de dólares adicionais na frágil economia, por meio da compra de bônus do Tesouro de instituições financeiras, a um ritmo de 75 bilhões mensais.
O presidente do Fed, Ben Bernanke, disse que as medidas extraordinárias são necessárias porque o banco central tem a missão dupla de ajudar a promover o pleno emprego e brigar pela estabilidade de preços.
Ainda que o baixo nível da inflação atual seja considerado "geralmente bom", levanta o risco de deflação, um perigoso ciclo de queda de preços e salários, disse Bernanke em um artigo publicado nesta quinta-feira no Washington Post.
Mas foi a debilidade do mercado de trabalho o que motivou as medidas de estímulo, conhecidas como "flexibilização quantitativa".
Bernanke disse que na revisão das condições econômicas realizada pelos membros do Fed "dificilmente poderíamos estar satisfeitos".
"Infelizmente, o mercado de trabalho segue bastante frágil; a taxa nacional de desemprego é de quase 10%, muita gente pode encontrar trabalho apenas em tempo parcial e uma fração importante dos desempregados não arranja uma ocupação há seis meses ou mais", afirmou.
"Os altos custos do desemprego incluem fortes reduções das finanças das famílias, mais fechamentos de empresas e perda de capacidade de trabalho".
A decisão do Fed foi adotada após as eleições legislativas de terça-feira, nas quais ocorreram grandes vitórias de republicanos, o que favorece uma redução da intervenção do Estado na economia americana.
Os republicanos controlarão a Câmara de Representantes, e vão trazer prejuízos à maioria dos democratas do presidente Barack Obama no Senado.