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EUA: negros vivem melhor, mas desigualdade persiste

Pesquisa mostra que negros acreditam que respeito aos direitos melhorou, mas acesso à saúde e educação ainda é pior do que o dos brancos

Dara Barthelemy (E) com as filhas, Temika (C) e Jasmine, em frente ao trailer onde moram, após serem afetadas pelo furacão Katrina (AFP/Getty Images / Mario Tama)

Dara Barthelemy (E) com as filhas, Temika (C) e Jasmine, em frente ao trailer onde moram, após serem afetadas pelo furacão Katrina (AFP/Getty Images / Mario Tama)

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 19h40.

Os negros nos Estados Unidos são mais pobres, adoecem mais e têm menos acesso à educação do que os brancos, mas consideram que sua situação melhorou desde que Martin Luther King fez seu famoso discurso "I Have a Dream" (Eu tenho um sonho), há quase meio século, embora as desigualdades ainda persistam.

Liderados pelo presidente Barack Obama, milhares de integrantes da comunidade afrodescendente nos Estados Unidos, que têm 39 milhões de pessoas (12,6% da população), são aguardadas no domingo em Washington para homenagear King, defensor dos direitos dos negros e Prêmio Nobel da Paz, em cuja memória será inaugurado um monumento.

O memorial de Martin Luther King, localizado perto do National Mall, a imensa esplanada ao sul da Casa Branca, será inaugurado 48 anos depois que uma manifestação a favor dos direitos civis reuniu, no mesmo local, 250.000 pessoas, em um momento em que os negros lutavam por embarcar no mesmo ônibus que os brancos ou frequentar a universidade.

Desde então, quase todos os americanos, tanto negros (85%), quanto brancos (90%), concordam em que o respeito aos direitos dos afrodescendentes teve avanços, segundo pesquisa do Gallup, publicada no final de agosto no jornal USA Today.

Cinquenta e um por cento dos entrevistados, ou 54% dos negros e 49% dos brancos, consideram que o sonho da igualdade racial de King se cumpriu nos Estados Unidos.

"Lembremos que há 50 anos a segregação era lei e havia 'códigos negros'", que estabeleciam regras de convivência dos negros na sociedade americana, explicou à AFP Hilary Shelton, vice-presidente da organização mais antiga de defesa das minorias, a Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês).

Graças a Martin Luther King, "nosso país tomou uma direção muito melhor. Avançamos muito, mas ainda resta muito a fazer", acrescentou.

Segundo dados da NAACP, as desigualdades persistem de forma evidente em vários setores.


No campo trabalhista, o desemprego afeta os negros três vezes mais do que a população de origem europeia, enquanto que em algumas regiões, 60% dos jovens negros abandonam o sistema educacional, disse.

Um milhão de negros estão presos nos Estados Unidos, em uma população carcerária de 2,3 milhões e um em cada seis negros estava em uma prisão em 2001.

Além disso, a dependência química é cinco vezes mais prevalente entre os descendentes de escravos africanos do que entre os brancos, e os negros são mandados para a prisão com 10 vezes mais frequência por crimes relacionados a entorpecentes.

Quanto à saúde, uma em cada duas pessoas com HIV ou Aids é negra, os afrodescendentes correm um risco maior de desenvolver diabetes e doenças cardíacas, e há três obesos negros por cada dois brancos. Por outro lado, 18% dos negros até os 65 anos não têm seguro médico.

Em termos de patrimônio, a renda média de um lar branco é de 113.000 dólares, ou seja, 20 vezes mais do que um negro, que se situa em torno dos 5.700 dólares, segundo dados do instituto de pesquisas Pew.

"Ainda não estamos totalmente integrados a este país", disse Shelton, para quem "resta muito por fazer".

No entanto, a eleição de Obama "mostra pelo menos que algo mudou", disse.

"Os americanos quiseram votar na pessoa que consideraram ser a melhor para fazer o trabalho, sem levar em conta a raça", afirmou.

Martin Luther King foi assassinado em 4 de abril de 1968, aos 39 anos. O memorial dedicado a este militante pacifista e à sua mensagem de "democracia, justiça, esperança e amor" é um espaço aberto de 1,5 hectare, a dezenas de metros do Lincoln Memorial, onde King proferiu seu célebre discurso, em 28 de agosto de 1963.

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