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EUA incluem China em sua lista de tráfico de pessoas

O relatório anual aponta o tratamento à minoria muçulmana uigur, alvo de trabalhos forçados, e o repatriamento forçado de refugiados norte-coreanos

EUA e China: essa é a primeira queixa significativa sobre o histórico de direitos humanos da China por parte da administração Trump (Reprodução/Getty Images)

EUA e China: essa é a primeira queixa significativa sobre o histórico de direitos humanos da China por parte da administração Trump (Reprodução/Getty Images)

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AFP

Publicado em 27 de junho de 2017 às 17h31.

Última atualização em 28 de junho de 2017 às 09h06.

O governo do presidente Donald Trump atacou a China por seu desempenho no campo dos Direitos Humanos e incluiu o país asiático em sua lista de países que pouco fazem para combater o tráfico de pessoas.

Publicado nesta terça-feira (27), o relatório anual do Departamento de Estado americano aponta o tratamento à minoria muçulmana uigur, alvo de trabalhos forçados, e o repatriamento forçado de refugiados norte-coreanos.

A diplomacia americana avalia que Pequim "não faz esforços significativos" para remediar tais situações e que "não consegue atingir os níveis mínimos de combate" ao tráfico de seres Humanos.

Este ano, o relatório inclui República do Congo, República Democrática do Congo, Guiné e Mali no grupo de 23 países com os piores registros de tráfico de pessoas. Entre eles, estão Rússia, Irã, Síria e Venezuela.

Essa é a primeira queixa significativa sobre o histórico de direitos humanos da China por parte da administração Trump. Washington vinha evitando, por enquanto, fazer críticas a Pequim para conseguir avançar questões como as profundas disputas comerciais e o programa nuclear da Coreia do Norte.

"O tráfico de pessoas é um dos problemas de direitos Humanos mais trágicos do nosso tempo. Ele separa famílias, distorce os mercados globais, mina o Estado de Direito e incentiva outras atividades criminosas transnacionais", afirmou o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, em um comunicado.

"Ameaça a segurança pública e a segurança nacional, mas, o pior de tudo, é que este crime rouba a liberdade e a dignidade humana. É por isso que temos de acabar com o flagelo do tráfico de seres humanos", completou ele.

América Latina quase toda

Pelo quarto ano seguido, a Venezuela ficou entre os países com os piores registros de tráfico de seres humanos, o Grupo 3.

Contudo, o texto reconhece que "o governo venezuelano deu alguns passos contra o tráfico, inclusive a prisão de pelo menos sete suspeitos".

De acordo com o Departamento de Estado americano, na América Latina, apenas Chile e Colômbia cumprem as normas.

Argentina, Brasil, Costa Rica, Equador, El Salvador, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai estão no Grupo 2, composto de países que não cumprem todas as normas estipuladas pelo governo americano, mas mostraram progressos.

Bolívia, Cuba, Guatemala, Haiti, Nicarágua e Suriname integram a lista "sob observação", entre o Grupo 2 e o Grupo 3.

O Departamento de Estado destacou que o controverso Grupo 3 pode ser alvo de restrições de apoio internacional. O presidente americano pode determinar retenção de ajuda humanitária e de fundos para capacitação ou intercâmbio cultural.

Além disso, a Casa Branca ainda pode instruir bancos de desenvolvimento e o FMI a votarem contra ou a fazerem esforços para recusar empréstimos e acesso a fundos pelos países do Grupo 3, exceto em casos de questões humanitárias.

Reconhecimento

"Dar fim ao tráfico de seres humanos é uma prioridade da política exterior de Trump", afirmou Ivanka Trump, uma das filhas do presidente, que acompanhou a cerimônia do Departamento de Estados para a divulgação do relatório.

O documento destaca pessoas que lutam contra o tráfico. O jornalista, blogueiro e ativista brasileiro Leonardo Sakamoto e a jornalista argentina Alika Kinan receberam o Prêmio aos Heróis Contra a Escravidão Moderna.

Sakamoto, de 40, criou em 2001 a ONG Repórter Brasil, dedicada a monitorar e combater o trabalho forçado no Brasil, além de estimular a investigação jornalística sobre o tema.

Kinan, de 41 anos, foi explorada sexualmente em seu país durante grande parte de sua vida. Após sua liberação e muitos anos de luta, se tornou a primeira vítima a levar a julgamento seus exploradores e o Estado, por facilitar o crime.

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