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EUA executa ataque com drone contra o Estado Islâmico no Afeganistão

Em comunicado, o exército americano diz que há indícios de que mataram o alvo do EI e não houve nenhuma vítima civil

Joe Biden: depois do ataque no aeroporto de Cabul, em que mais de 100 pessoas morreram, o presidente americano prometeu represálias (Leah Millis/Reuters)

Joe Biden: depois do ataque no aeroporto de Cabul, em que mais de 100 pessoas morreram, o presidente americano prometeu represálias (Leah Millis/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de agosto de 2021 às 08h27.

Última atualização em 28 de agosto de 2021 às 08h30.

As tropas dos Estados Unidos executaram neste sábado, 28, um ataque com drone contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI) no Afeganistão, ao mesmo tempo em que prossegue a reta final da retirada no aeroporto de Cabul, sob a ameaça de novos atentados.

"O ataque aéreo não tripulado ocorreu na província afegã de Nangahar. Os primeiros indícios apontam que matamos o alvo", afirmou em um comunicado o capitão Bill Urban, do Comando Central. "Não sabemos de nenhuma vítima civil", acrescentou o militar.

O ataque, executado de fora do Afeganistão, foi o primeiro do exército americano após o atentado suicida de quinta-feira no aeroporto de Cabul.

Fontes vinculadas ao ministério da Saúde do governo afegão derrubado pelos talibãs informaram neste sábado que o balanço do ataque superou 100 mortes, incluindo 13 soldados americanos. Alguns meios de comunicação citam mais de 170 vítimas fatais.

Após o ataque reivindicado pelo Estado Islâmico de Khorasan (EI-K), o braço do grupo extremista no Paquistão e Afeganistão, o presidente Joe Biden prometeu represálias. "Vamos persegui-los e faremos com que paguem", afirmou em um discurso após o ataque mais violento contra o exército americano no Afeganistão desde 2011.

O risco de atentados persiste, segundo Washington. "Ainda acreditamos que há ameaças específicas", advertiu na sexta-feira John Kirby, porta-voz do Departamento de Defesa americano.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que outro ataque era "provável" e que os próximos dias serão "o período mais perigoso até agora".

Controle do aeroporto

Na sexta-feira à noite, como na véspera do atentado, a embaixada dos Estados Unidos em Cabul pediu a seus cidadãos que abandonem "imediatamente" as proximidades do aeroporto.

"Devido a ameaças à segurança no aeroporto de Cabul, continuamos aconselhando os cidadãos americanos que evitem comparecer ao local e evitem os portões do aeroporto", afirmou a embaixada.

Várias mensagens contraditórias dos talibãs e americanos aumentaram a tensão a poucos dias da data-limite de 31 de agosto, prevista para a conclusão da retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão após 20 anos de guerra, o que também marcará o fim das operações de saída.

Os talibãs, por meio do porta-voz Bilal Karimi, afirmaram que controlam "três importantes áreas da parte militar do aeroporto" de Cabul.

Pouco depois, o porta-voz do Pentágono, John Kirby, negou que os talibãs estejam no comando de qualquer portão ou "de qualquer operação do aeroporto".

Apesar da tensão, os voos de repatriação das potências ocidentais foram retomados na sexta-feira, mas em um ritmo menor que nos dias anteriores.

Retiradas até o último momento

O aeroporto ainda tem 5.400 pessoas que aguardam para deixar o país, informou o general americano Hank Taylor, antes de destacar que as retiradas prosseguirão "até o último momento".

Mais de 109.000 pessoas saíram do país pelo aeroporto desde 14 de agosto, um dia antes da entrada dos talibãs em Cabul, segundo o governo americano.

A Otan e a União Europeia solicitaram a continuidade das retiradas, apesar do atentado, mas vários países concluíram os voos a partir da capital afegã.

Um dos últimos foi a França que, no entanto, anunciou negociações com os talibãs para poder continuar com a retirada de afegãos depois de 31 de agosto.

Suíça, Itália, Espanha, Suécia, Alemanha, Holanda, Canadá e Austrália anunciaram o fim da missão.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson afirmou que as operações do país estavam nas "últimas horas", mas se comprometeu a fazer de tudo para ajudar na saída dos afegãos aptos a pedir asilo.

A Itália foi o país da UE que mais retirou pessoas do Afeganistão, com 4.900, segundo o governo de Roma.

"Direito inato" a trabalhar

Em seu retorno ao poder, os talibãs tentam mostrar uma imagem de abertura e moderação. Muitos afegãos, no entanto, temem a repetição do regime fundamentalista e brutal imposto entre 1996 e 2001.

O temor é ainda melhor a respeito da situação das mulheres, que no regime anterior foram impedidas de trabalhar e estudar.

Em uma tentativa de aplacar os medos, um representante talibã afirmou que as mulheres têm o "direito inato" a trabalhar.

"Podem trabalhar, podem estudar, podem participar na política e podem fazer negócios", declarou Sher Mohammad Abbas Stanikzai, que foi o negociador dos islamitas nas frustradas negociações de paz de Doha.

A ONU fez neste sábado um apelo urgente aos doadores para que ajudem os agricultores afegãos a lutar contra a seca, que ameaça reduzir os meios de subsistência de sete milhões de pessoas.

A seca, a pandemia de covid-19 e o deslocamento da população provocado pela ofensiva dos talibãs "afetaram duramente as comunidades rurais do Afeganistão", alertou em um comunicado a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Quase 14 milhões de afegãos, incluindo dois milhões de crianças, sofrem atualmente de insegurança alimentar grave. Isto representa um terço dos afegãos. Três milhões de animais estão em perigo.

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