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EUA estão se adaptando de maneira errada à mudança climática, diz estudo

A Carolina do Norte, por exemplo, registra um aumento do nível do oceano a uma taxa quase 4 vezes mais rápida que a média global

Carolina do Norte, nos Estados Unidos: nível do oceano aumenta a uma taxa quase 4 vezes mais rápida que a média global (Mark Wilson / Equipe/Getty Images)

Gabriela Ruic

Publicado em 17 de novembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 17 de novembro de 2019 às 07h00.

Os Estados Unidos levaram muito tempo para decidir que a adaptação às mudanças climática s era uma ideia que valia a pena explorar. Mas o país demorou pouco para começar a se adaptar de maneira errada, segundo um estudo.

As decisões sobre projetos e infraestrutura não estão sendo tomadas com base no que é eficaz ou sensato a longo prazo. E, como costuma ser o caso, os cidadãos de menor renda sofrem o impacto de políticas equivocadas. Essa é a conclusão sugerida por uma pesquisa publicada na semana passada na revista “Ocean and Coastal Management”.

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O flanco leste da Carolina do Norte, delimitado por uma fina linha de ilhas que funcionam como barreiras, registra um aumento do nível do oceano a uma taxa quase quatro vezes mais rápida do que a média global.

A costa abriga uma combinação de áreas militares e industriais, além de terras protegidas pelo governo federal. Possui cidades e campos, juntamente com uma variedade de níveis de renda e dados demográficos. A combinação transforma o estado em instrumento útil para a adaptação costeira.

Mesmo que o ritmo das mudanças climáticas se acelere, planejadores e gestores de emergência em todo o país ainda têm tempo para tomar decisões acertadas.

“Idealmente, você gostaria que um líder se sentasse e dissesse: ‘Devemos construir um muro? Devemos recuar? Considere todas as opções”, disse A.R. Siders, professor assistente do Centro de Pesquisa de Desastres da Universidade de Delaware e principal autor do estudo sobre como a Carolina do Norte tem abordado o problema. “Mas isso não é realmente o que acontece.”

A pesquisa constata que os projetos de adaptação “beneficiam desproporcionalmente os ricos e aumentam a vulnerabilidade de comunidades pobres e historicamente marginalizadas”.

Um pouco do que descobriram sobre riqueza e adaptação havia sido previsto: bases tributárias incentivam os governos locais a defender bolsões de riqueza contra os estragos da mudança climática.

Na sequência de um desastre, os governos correm para financiar paredões ou realocar pessoas, sem discussões mais amplas sobre estratégia e opções, disse Siders.

Debates mais profundos sobre adaptação em larga escala geralmente não ocorrem. Isso pode levar a medidas e gastos ineficientes.

Os pesquisadores não encontraram nenhuma correlação entre o tipo de infraestrutura em terra e o tipo de proteção escolhido por uma comunidade.

Historicamente, a Carolina do Norte tem feito “o melhor possível” na gestão costeira, de modo que a situação “deve ser pior em outros lugares”, disse o coautor do estudo, Jesse Keenan. Apenas os gestores costeiros da Califórnia superam os da Carolina do Norte, disse.

Com o aumento dos custos econômicos das mudanças climáticas, a lição para o resto dos EUA é clara, escrevem os autores. Independentemente se autoridades supervisionam cidades à beira-mar ou comunidades fluviais propensas a inundações no interior, a tomada de decisões com base em práticas burocráticas e tradicionais pode resultar em desperdício de recursos públicos, deixando residentes vulneráveis expostos.

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