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EUA deve libertar aliado de Maduro em troca de 36 presos estrangeiros na Venezuela, diz jornal

Empresário colombiano, Alex Saab foi detido em 2020 por suspeitas de lavagem de dinheiro; na época, governo venezuelano classificou ocorrido como 'sequestro'

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Zurimar Campos/AFP)

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Zurimar Campos/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 15h40.

Última atualização em 20 de dezembro de 2023 às 16h01.

Os Estados Unidos vão libertar o empresário colombiano Alex Saab, de 51 anos, em troca de 36 detentos estrangeiros detidos na Venezuela, incluindo 12 americanos. O anúncio, publicado nesta quarta-feira pela Associated Press, ocorre um dia depois dos americanos Airan Berry e Luke Denman terem sido soltos da prisão em Caracas.

Considerado próximo de Nicolás Maduro, Saab foi detido nos EUA em 2020 por suspeitas de lavagem de dinheiro. Ele também atuou como informante da agência antidrogas americana (DEA, na sigla em inglês), e forneceu informações sobre propinas pagas a funcionários de Caracas, segundo documentos judiciais que tiveram sigilo suspenso em 2022.

Na época, Saad negou ter sido informante da DEA. Em nota, o advogado colombiano David Rivkin afirmou que “o único propósito das reuniões” de seu cliente com as autoridades americanas “era confirmar que nem ele, nem as empresas associadas a ele tinham feito nada de errado”. A defesa ainda disse que “qualquer suposta interação (...) ocorreu com pleno conhecimento e apoio da República Bolivariana da Venezuela”.

Alex Saab chegou a Miami após sua extradição de Cabo Verde, onde foi detido em junho de 2020, a pedido dos Estados Unidos. Naquela época, o governo de Maduro havia concedido ao colombiano a nacionalidade venezuelana e um título de embaixador, e lutou sem sucesso para evitar que ele fosse transferido para os EUA. A ação foi classificada pela Venezuela como um “sequestro”.

Lavagem de dinheiro

O primeiro contato entre Saab e as autoridades americanas ocorreu em agosto de 2016, em Bogotá. A DEA e a polícia federal americana (FBI) lhe apresentaram, então, o que sabiam sobre seus negócios na Venezuela. Em 2018, o empresário tornou-se uma “fonte confidencial da DEA”, cooperação que durou por um ano. Nesse período, ele entregou aos EUA mais de US$ 12 milhões obtidos em atividades ilegais.

Ele também assinou um acordo para ser julgado no caso da lavagem de dinheiro. A cooperação, no entanto, terminou em maio de 2019, após Saad não ter cumprido o prazo combinado para se entregar. Dois meses depois, a Justiça americana o acusou no caso de lavagem de dinheiro.

Diálogo entre EUA e Venezuela

Nesta terça-feira, a Venezuela libertou dois ex-militares americanos que foram condenados, em 2020, a 20 anos de prisão pela participação em uma “tentativa de derrubar o governo de Maduro”. A decisão tem sido associada ao diálogo travado entre os dois governos, e que inclui, além das libertações, a melhora dos laços e o fim das sanções.

“A libertação dos cidadãos americanos nos deixa feliz”, publicou no X (Twitter) a Coalizão Por Direitos Humanos e Democracia, ONG responsável por denunciar abusos cometidos dentro da Venezuela. “Eles estarão com suas famílias no Natal. Mais de 300 presos políticos venezuelanos estão na prisão e também merecem suas liberdades.”

Em outubro, a Casa Branca também amenizou as sanções à indústria de petróleo da Venezuela, embora tenha prometido voltar atrás caso Maduro não cumprisse sua promessa de abrir caminho para eleições livres e justas até 30 de novembro. O prazo terminou, e até agora o líder venezuelano falhou em reverter a proibição que impede sua principal oponente, María Corina Machado, de concorrer ao cargo.

Quem são os detidos?

Entre os americanos detidos na Venezuela estão, além de Luke Denman e Airan Berry, Eyvin Fernandez, Jerrel Kenemore e Joseph Cristella. Eles foram acusados de entrar ilegalmente no país vindos da Colômbia. Mais recentemente, a Venezuela ainda prendeu Savoi Jadon Wright, um empresário californiano de 38 anos.

Em outubro de 2022, sete americanos, incluindo cinco executivos de uma empresa de petróleo, foram soltos em troca da libertação de dois sobrinhos da esposa de Maduro presos nos EUA por acusações de narcotráfico. Efrain Antonio Campo Flores e Franqui Francisco Flores de Freitas haviam sido condenados em 2017 a 18 anos de prisão.

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