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EUA alertam para avanço de insurgentes no Iraque

O presidente Barack Obama já havia anunciado na semana passada o envio de assessores militares para ajudar o Exército iraquiano a enfrentar os insurgentes

John Kerry: "Este é o momento para os líderes do Iraque tomarem decisões" (Brendan Smialowski/Pool/Reuters)

John Kerry: "Este é o momento para os líderes do Iraque tomarem decisões" (Brendan Smialowski/Pool/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2014 às 19h45.

O secretário de Estado americano, John Kerry, advertiu nesta segunda-feira, em Bagdá, que a vasta ofensiva insurgente sunita representa uma "ameaça à integridade" do Iraque, no momento em que os rebeldes avançam no oeste do país.

Nas últimas horas, os insurgentes liderados pelo Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) tomaram a cidade de Tal Afar, na província de Nínive (noroeste), e seu aeroporto, além do segundo posto na fronteira com a Síria.

Durante o fim de semana, eles haviam tomado três novas localidades na província estratégica de Al-Anbar.

Essa província faz fronteira com a Jordânia e a Síria, um país em guerra há três anos e onde o EIIL, que quer criar um Estado islâmico, tem forte presença.

"O Iraque enfrenta uma ameaça à sua integridade e os líderes iraquianos devem responder a essa ameaça", declarou Kerry, durante uma coletiva de imprensa na embaixada dos Estados Unidos em Bagdá concedida após uma reunião com o primeiro-ministro Nuri al-Maliki.

"Este é o momento para os líderes do Iraque tomarem decisões", insistiu o secretário.

No cargo desde 2006, Maliki tem sido bastante criticado por sua política religiosa que alimentou a ofensiva dos insurgentes sunitas.

Kerry garantiu que o apoio americano ao Iraque será "intenso e concreto", acrescentando que, se os líderes iraquianos adotarem as medidas necessárias para unir o país, será mais "eficaz".

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já havia anunciado na semana passada o envio de assessores militares para ajudar o Exército iraquiano a enfrentar os insurgentes, mas descartou ataques aéreos imediatos.

Soldados mortos barbaramente

O premiê Maliki advertiu que a ofensiva dos "jihadistas" no Iraque "representa não apenas uma ameaça para o Iraque, mas para a paz na região e no mundo".

A reunião com Maliki é a primeira de várias que Kerry pretende ter com representantes de todo o espectro político iraquiano sobre a situação política e religiosa do país.

O secretário, que viajará a Bruxelas e Paris após ter visitado o Egito e a Jordânia, deseja convencer o primeiro-ministro xiita a formar um governo de união nacional o mais rápido possível.

No Cairo, Kerry lançou um apelo às autoridades do Iraque para que superem suas divergências religiosas. Ele ressaltou que seu país, que repatriou suas tropas no final de 2011 após oito anos de ocupação, não é responsável pela crise atual e não procura escolher um líder para o Iraque.

O Iraque ainda não formou seu gabinete após as eleições legislativas de abril. O bloco de Maliki venceu essa eleição, mas não consegue formar um governo devido a divisões profundas no país.

Desde 9 de junho, os "jihadistas" do EIIL tomaram Mossul, segunda maior cidade do Iraque; grandes partes de sua província, Nínive (norte); de Tikrit; e outras áreas das províncias de Saladino (norte), Diyala (leste) e Kirkuk (norte).

Além disso, dominam as cidades de Fallujah, Al-Qaim, Rawa e Aana, na província de Al-Anbar, e partes de Ramadi.

Os rebeldes avançaram rapidamente sem encontrar grandes obstáculos. Em seu avanço, os combatentes do EIIL assassinaram brutalmente centenas de soldados, de acordo com uma autoridade da segurança.

"Centenas de soldados foram decapitados, enforcados em Saladino, Nínive, Diyala, Kirkuk e nas áreas controladas pelos terroristas do EIIL", afirmou Qassem Atta, porta-voz de Al-Maliki.

Transbordar para "países aliados"

Nesta segunda, 69 presos e um policial morreram em um ataque rebelde cometido contra um comboio que transportava detentos, no sul de Bagdá, segundo fontes médicas e policiais.

Além disso, na província de Nínive, duas bombas explodiram hoje na passagem de uma patrulha, perto de Rabia, perto da fronteira síria. Cinco pessoas morreram, e outras três ficaram feridas, declarou Halkurd Mulla Ali, porta-voz do ministério encarregado dos peshmergas.

No norte de Bagdá, homens armados mataram seis membros de uma família sunita em casa também nesta segunda, relataram um coronel de polícia e o chefe de uma equipe médica local.

As tropas do Exército iraquiano retomaram nesta segunda-feira, sem encontrar resistência, o posto fronteiriço de Al-Walid, que havia sido tomado na véspera pelos insurgentes sunitas, anunciaram as autoridades locais.

Os insurgentes deixaram o posto, disse um coronel de polícia e um representante da polícia de fronteira, o que permitiu sua retomada por parte do Exército. Esse é um dos três postos na divisa entre Iraque e Síria.

Os rebeldes ainda controlam o de Al-Qaim, invadido no último sábado, 21 de junho.

O terceiro posto, o de Rabia, havia sido abandonado na semana passada pelas forças iraquianas durante uma ofensiva dos "jihadistas" na província de Nínive, no norte do país. Hoje, está sob o controle das forças de segurança curdas.

Já em Luxemburgo, a União Europeia pediu a formação imediata de um governo de união, tendo em vista a "rápida deterioração" no país. A comunidade internacional está alarmada com a ofensiva "jihadista" no Iraque.

"De maneira geral, devemos permanecer vigilantes. O problema atual é que (os combatentes) do EIIL desestabilizam o país (Iraque), mas também podem transbordar para os países aliados, como a Jordânia", alertou o presidente Barack Obama.

A Jordânia, que já enfrenta suas próprias questões de segurança com "jihadistas" locais, também reforçou as medidas de segurança em sua fronteira com o Iraque depois que o governo iraquiano perdeu o controle de todas as passagens para a Síria.

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