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EUA acusam Emirados Árabes de bombardear objetivos islamitas

Primeiros ataques aéreos teriam ocorrido há uma semana e envolveram posições das milícias islâmicas em Trípoli

Fumaça na área do aeroporto internacional de Trípoli: ataques pretendiam impedir o avanço das milícias sobre o aeroporto (Mahmud Turkia/AFP)
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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2014 às 15h50.

Trípoli - Os Emirados Árabes Unidos realizaram ataques aéreos contra milícias islâmicas na Líbia utilizando bases no Egito , confirmaram nesta segunda-feira funcionários americanos.

"Os Emirados Árabes Unidos levaram adiante estes ataques", disse à AFP um funcionário - que pediu para não ser identificado - sobre a notícia publicada pelo jornal The New York Times.

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Segundo o jornal, os primeiros ataques aéreos ocorreram há uma semana e envolveram posições das milícias islâmicas em Trípoli. Uma segunda série de ataques ocorreu na manhã de sábado e atingiu lançadores de foguetes, veículos militares e um depósito.

Ao que parece, os ataques pretendiam impedir o avanço das milícias sobre o Aeroporto de Trípoli, que acabou caindo.

O New York Times afirma que os Emirados proporcionaram os aviões e as tripulações para o bombardeio, enquanto o Egito cedeu suas bases aéreas.

De acordo com os funcionários americanos, a informação do Times é "exata".

Não está claro se Egito e Emirados Árabes Unidos informaram ao governo americano sobre os ataques.

Segundo um porta-voz da aliança líbia de grupos armados, na sexta-feira um avião não identificado bombardeou posições de milicianos islâmicos perto do aeroporto de Trípoli, matando 10 homens.

O avião atacou um QG e um depósito de mercadorias no sul de Trípoli, afirmou Mohamed al-Ghariani, porta-voz da operação "Fajr Libya" (Aurora da Líbia).

"Pelo menos 10 homens, todos eles combatentes da "Fajr Libya", morreram e 20 ficaram feridos no ataque aéreo", segundo Al-Ghariani.

As autoridades do Emirados, por sua parte, mantiveram nesta terça-feira um mutismo total sobre o caso.

Um funcionário do governo indagado pela AFP se absteve de fazer qualquer comentário sobre os bombardeios.

O Egito, acusado de ter servido de base para os bombardeios aéreos, desmentiu, por sua vez, qualquer envolvimento no episódio.

Egito e EAU, países aliados na luta contra os islamitas, organizaram este ano manobras militares conjuntas nos Emirados.

Apesar dos bombardeios, as milícias islamitas líbias asseguraram ter dominado o aeroporto internacional de Trípoli.

Neste contexto, os Estados Unidos e a União Europeia denunciaram a escalada da luta e das violência na Líbia e pediram uma transição democrática e pacífica nesse país.

Em um comunicado comum, Washington, Paris, Londres, Berlim e Roma condenaram as "interferências externas na Líbia que exarcebam suas divisões internas".

Situação caótica

A Assembleia da Líbia nomeou na segunda-feira um pró-islamita para formar um "governo de salvação nacional", em um gesto de desafio ao gabinete provisório instalado no leste da Líbia e que parece incapaz de retomar o controle do país frente às milícias.

A situação no país, à beira da anarquia desde a queda de Muammar Kadhafi em 2011, pode ficar ainda mais complexa: a Líbia pode ter dois governos concorrentes.

A reunião de Trípoli foi convocada pelos islamitas, que dominam a Assembleia e contestam a legitimidade do novo Parlamento, onde são minoria.

Eleito em junho, o Parlamento está sediado em Tobruk, 1.600 km a leste da capital da Líbia, assim como o governo interino, em razão da violência que assola grande parte do país.

"O Conselho Geral Nacional (CGN, reunido em Trípoli) expulsou Abdallah al-Theni do cargo de chefe de governo e encarregou Omar al-Hassi de formar, dentro de uma semana, um governo de salvação" nacional, anunciou o porta-voz dessa assembleia, Omar Ahmidan.

Os islamitas acusam o governo e o Parlamento de serem cúmplices dos ataques aéreos contra os seus integrantes, realizados, segundo eles, pelos Emirados Árabes Unidos e pelo Egito durante os combates pelo controle do aeroporto de Trípoli, fechado desde 13 de julho.

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