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EUA acusam russos de fomentar tumultos no leste da Ucrânia

John Kerry acusou agentes russos de fomentar tumultos separatistas, dizendo que Moscou pode estar tentando se preparar para uma nova ação militar

Um militar russo direciona tanques russos após sua chegada na Crimeia, perto do povoado de Gvardeiskoye, que fica próximo à Simferopol (Reuters)

Um militar russo direciona tanques russos após sua chegada na Crimeia, perto do povoado de Gvardeiskoye, que fica próximo à Simferopol (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2014 às 17h09.

Washington/Luhansk - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, acusou agentes e forças especiais russas nesta terça-feira de fomentar tumultos separatistas no leste da Ucrânia, dizendo que Moscou pode estar tentando se preparar para uma ação militar como a da Crimeia.

Manifestantes armados pró-Moscou ainda ocupavam nesta terça-feira edifícios do governo ucraniano em duas cidades no leste, cuja maioria da população é russófona, embora a polícia tenha encerrado uma terceira ocupação em uma operação-relâmpago noturna.

O serviço de segurança da Ucrânia disse que os separatistas que ocupam seu quartel-general em Luhansk plantaram bombas no prédio e que têm até 60 reféns. Os ativistas no local negaram ter explosivos ou reféns, mas disseram ter tomado um arsenal repleto de rifles automáticos.

O governo da Ucrânia diz que as ocupações que começaram no domingo são parte de um plano liderado pela Rússia para desmembrar o país, e Kerry declarou temer que Moscou possa repetir sua operação na Crimeia.

"Está claro que agentes e forças especiais russas foram o catalisador do caos das últimas vinte e quatro horas", disse ele em Washington, acrescentando que "isto tem o aspecto de um pretexto elaborado para uma intervenção militar, como vimos na Crimeia".

Moscou anexou a península do mar Negro no mês passado depois de um referendo realizado quando as tropas russas já tinham tomado o controle da região.


Mais cedo, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, desqualificou as acusações ocidentais de que Moscou está desestabilizando a Ucrânia, dizendo que a situação só pode melhorar se Kive levar em conta os interesses das regiões de fala russa.

Tiros foram disparados, uma granada atirada e 70 pessoas detidas quando as autoridades ucranianas encerraram a ocupação da cidade de Kharkiv durante uma ação "antiterrorismo" de 18 minutos, informou o ministério do Interior.

Mas em outras partes do coração industrial do leste ucraniano, ativistas armados com fuzis Kalashnikov protegidos por barricadas de arame farpado prometeram não voltar atrás em sua exigência -- uma votação para voltar ao controle de Moscou.

Na cidade de Luhansk, um homem vestido com uniforme camuflado disse a uma multidão do lado de fora do edifício de segurança estatal ocupado: "Queremos um referendo sobre o status de Luhansk e a volta do russo como língua oficial".

O impasse do Kremlin com o Ocidente derrubou a confiança dos investidores na economia russa, e nesta terça-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu sua previsão de crescimento russo no ano para 1,3 por cento, menos da metade dos três por cento que tinha projetado inicialmente.

A Grã-Bretanha teme que a Rússia queira interromper os preparativos para a eleição presidencial do mês que vem na Ucrânia, que vem sendo administrada por um governo interino desde a deposição do presidente Viktor Yanukovich, aliado de Moscou, em fevereiro.

A Ucrânia, que foi controlada por Moscou até o colapso da ex-União Soviética mais de duas décadas atrás, está mergulhada no caos desde o final do ano passado, quando Yanukovich rejeitou relações mais estreitas com a União Europeia e reaproximou o país da Rússia, o que provocou protestos em massa nos quais mais de 100 pessoas foram mortas pela polícia e que fizeram Yanukovich deixar o cargo, levando à perda do controle de Kiev sobre a Crimeia.

Em Kiev, o ministro do Interior, Arsen Avakov, atribuiu parte de responsabilidade pela ocupação de Kharkiv ao presidente russo, Vladimir Putin. "Tudo isso foi inspirado e financiado pelo grupo Putin-Yanukovich", disse.

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