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EUA: 1 em cada 3 doses não é usada e estados acumulam "sobras"

Em muitos lugares, a demanda pela vacina contra o coronavírus começou a diminuir em meio à desconfiança de parte da população

Cartão de vacinação no estado de Nova York: desconfiança da população quanto à vacina prejudica estratégia americana (Mike Blake/Reuters)
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Bloomberg

Publicado em 2 de maio de 2021 às 08h00.

Muitos estados e cidades dos EUA têm um excedente crescente de vacinas contra a Covid-19, um sinal de que em alguns lugares a demanda começa a diminuir antes que uma grande porcentagem da população seja imunizada, segundo análise da Bloomberg News.

Os dados indicam que uma em cada três doses não é utilizada em alguns estados. Agendamentos para vacinação muitas vezes não são preenchidos, com poucas pessoas inscritas.

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A Bloomberg analisou dados estaduais e nacionais de segunda-feira, o que permitiu visualizar o uso das vacinas antes que a Johnson & Johnson engavetasse milhões de doses enquanto autoridades federais de saúde investigam casos raros de trombose. Com essa pausa, o número de doses não utilizadas deve flutuar, mas mudará pouco as comparações entre estados.

No geral, a demanda continua forte. Nos EUA, 37% das pessoas já receberam pelo menos uma dose, e o país é um dos líderes mundiais em vacinação. Mas mesmo alguns estados com bons números enfrentam desafios em áreas onde a vacinação é persistentemente baixa.

Na Virgínia, por exemplo, 83% das vacinas fornecidas ao estado foram utilizadas, mas o número de pessoas imunizadas difere muito de cidade para cidade. Essa diferença é especialmente gritante em Charlottesville e Lynchburg, separadas por apenas uma hora de carro.

“A Virgínia é uma espécie de microcosmo do país”, disse Costi Sifri, diretor de epidemiologia da UVA Health, em Charlottesville. “Teremos esse mesmo tipo de desafio em todos os estados do país. Como podemos fechar as lacunas de vacinas que ocorrerão geograficamente?”

Em Charlottesville, uma área onde predominam eleitores democratas e sede da Universidade da Virgínia, os agendamentos para tomar a vacina são disputados, mesmo com duas grandes clínicas na cidade. Em Lynchburg, dominada pela conservadora Universidade Liberty, é fácil conseguir agendamento em uma antiga loja da TJ Maxx.

A disparidade levou ao turismo de vacinas no estado, onde residentes do norte da Virgínia migram para o sul para tomar vacinas que, de outra forma, não seriam utilizadas. A ampla disponibilidade de imunizantes também sinaliza que áreas como Lynchburg começam a ficar sem residentes dispostos a se vacinar.

O rastreador de vacinas da Bloomberg mostra a porcentagem de doses administradas que foram utilizadas em um estado, com base nos dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças. No final de fevereiro, com a alta demanda por vacinas, apenas 19% das doses nos EUA não eram utilizadas, um sinal de que quase todas as vacinas distribuídas eram rapidamente aplicadas. A Bloomberg calculou as taxas de doses não utilizadas para esta análise usando médias de uma semana, que são menos voláteis do que os números diários.

Agora, há sinais de que as doses não estão sendo utilizadas. Isso preocupa epidemiologistas segundo os quais pelo menos 75% da população do país deve ser imunizada para que o coronavírus possa ser realmente contido.

Enquanto isso, as doses se acumulam. Na Virgínia Ocidental, elogiada por sua campanha de vacinação no início e que antes deixava de utilizar apenas uma pequena porcentagem de seu suprimento em meados de fevereiro, agora 26% das doses não são utilizadas, uma média diária de 352 mil doses não utilizadas na última semana.

Alguns estados nunca colocaram a estratégia de vacinação em ação. Alabama, Geórgia e Mississippi representam um grupo de estados do sul com dificuldade para administrar seus suprimentos.

No início da campanha de vacinação, a Virgínia Ocidental se concentrou na população mais velha e agora foca em adolescentes e adultos na casa dos 30 anos, onde a maioria dos novos casos de Covid-19 estão aparecendo, disse Clay Marsh, czar da Covid-19 do estado.

“Vemos mais pessoas que precisam ser convencidas ou de mais tempo para tomar a decisão”, disse. “Estamos justo na situação de ter mais vacinas do que braços para injetá-las.”

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