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Estudante australiano detido na Coreia do Norte é libertado

Alek Sigley, que é estudante de literatura coreana, desapareceu no dia 23 de junho em Pyongyang

Coreia do Norte: apesar dos temores, o estudante australiano afirmou que está bem de saúde (AFP/AFP)

Coreia do Norte: apesar dos temores, o estudante australiano afirmou que está bem de saúde (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 4 de julho de 2019 às 10h26.

Um estudante australiano de 29 anos que havia sido detido na Coreia do Norte foi libertado e desembarcou nesta quinta-feira em Pequim, onde afirmou que está bem de saúde.

Alek Sigley, um dos poucos ocidentais que morava e estudava na capital norte-coreana Pyongyang, havia desaparecido sem deixar rastro em 23 de junho, o que provocou uma grande preocupação por seu paradeiro.

Durante vários dias, a família não recebeu nenhuma notícia, o que alimentou os temores de que seria o mais recente caso de uma longa lista de cidadãos estrangeiros detidos no país isolado e autoritário.

"Estou bem, sim estou bem. Muito bem", declarou no aeroporto internacional de Pequim. Quando foi questionado como se sentia, respondeu: "Fenomenal".

O jovem seguiu para a embaixada australiana antes de retornar ao aeroporto. Ele deveria viajar para o Japão, onde sua esposa mora.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou a libertação nesta quinta-feira no Parlamento e afirmou que o estudante estava "a salvo e bem".

O pai do estudante, Gary Sigley, um professor de chinês e de estudos asiáticos, declarou à imprensa australiana que a família está "muito feliz de saber que está são e salvo". Também falou que deseja abraçar o filho.

Alek Sigley foi detido poucos dias antes da reunião do G20 no Japão, que foi seguida por um encontro entre o presidente americano Donald Trump e o dirigente norte-coreano Kim Jong Un na Zona Desmilitarizada (DMZ), área que divide a península coreana.

"Entender" os norte-coreanos

Trump acompanhou de perto o caso do estudante americano Otto Warmbier, falecido em 2017, aos 22 anos, depois de ser detido na Coreia do Norte e repatriado em estado de coma.

A causa exata da morte não é conhecida, mas a justiça americana afirma que o estudante foi torturado, o que Pyongyang nega. O regime norte-coreano alega que ele contraiu botulismo na prisão.

O australiano Alek Sigley, natural de Perth, conhecia muito bema Coreia do Norte. Ele fala coreano com fluência e estudava há quase um ano literatura coreana na Universidade Kim Il Sung, o principal centro educativo do Norte.

Também dirigia uma empresa especializada em viagens pela Coreia do Norte e casou no ano passado com uma japonesa em Pyongyang.

Ele escrevia artigos sobre a vida diária em Pyongyang, especialmente para o NK News, um site americano baseado em Seul que oferece informações e análises sobre a Coreia do Norte. Nos textos também citava restaurantes ou aplicativos norte-coreanos, mas evitava abordar temas politicamente sensíveis.

Sua esposa Yuka Morinaga declarou que o marido tentara "desmitificar a Coreia do Norte, ao contrário da imprensa ocidental tradicional. Tenta compreender as pessoas que vivem no país".

O desaparecimento levou as autoridades norte-coreanas a entrar em contato com o enviado sueco, Kent Harstedt. A Austrália não tem embaixada na Coreia do Norte e seus interesses são representados pela Suécia.

"Quero expressar minha profunda gratidão às autoridades suecas por sua ajuda inestimável", declarou o primeiro-ministro australiano Scott Morrison, que celebrou o sucesso da "diplomacia de bastidores".

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