Primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin (E) e o presidente da Finlândia, Sauli Niinistö: país importava gás natural da Rússia há pelo menos 50 anos (Alessandro RAMPAZZO/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de maio de 2022 às 11h58.
A empresa estatal finlandesa de gás Gasum informou que o fornecimento de gás natural para o país "foi cortado" pela Rússia na manhã deste sábado às 7h, horário local (1h pelo horário de Brasília). Na sexta-feira, a Gasum reportou que tinha recebido comunicado da estatal russa Gazprom sobre a suspensão, um dia após a Finlândia ter oficializado seu pedido de adesão à Otan.
Ainda na sexta-feira, a Gasum afirmou que a população da nação, de 5,5 milhões de pessoas, não seria afetada porque a empresa utilizará outras fontes de gás através do gasoduto Balticconnector, que liga o país à Estônia e conecta as redes de gás finlandesa e báltica.
A Finlândia importava gás natural da Rússia há aproximadamente 50 anos. O gás representa apenas cerca de 5% do consumo total de energia no país, mas vinha quase na totalidade da Rússia, sendo usado principalmente por indústrias. Apenas 4 mil residências finlandesas dependem de aquecimento a gás.
No início de maio, Moscou decidiu cortar as exportações de eletricidade para a Finlândia. Antes disso, a petrolífera estatal finlandesa Neste anunciou que substituiria importações de petróleo bruto russo por produto de outros lugares.
Em entrevista neste sábado à emissora pública finlandesa YLE, o ex-primeiro-ministro finlandês e atual presidente do Parlamento, Matti Vanhanen, disse que a decisão de Moscou de cortar o gás após quase 50 anos marca o fim de "um período extremamente importante entre Finlândia, União Soviética e Rússia, não apenas em termos de energia, mas simbolicamente". "É improvável que esse gasoduto volte a abrir", disse Vanhanen à YLE, referindo-se aos dois gasodutos paralelos Rússia-Finlândia lançados em 1974.
As primeiras conexões da rede elétrica da Finlândia ao sistema de transmissão soviético também foram construídas na década de 1970. Vanhanen disse que não viu a suspensão do fornecimento de gás como retaliação à tentativa da Finlândia de ingressar na Otan, mas sim um contra-ataque às sanções ocidentais impostas a Moscou após a invasão da Ucrânia.
"A Rússia fez com a Finlândia o mesmo que fez anteriormente com outros países para manter sua própria credibilidade", disse Vanhanen, referindo-se às exigências do Kremlin de receber por seu gás em rublos.
A Finlândia compartilha 1.340 quilômetros com a Rússia e tem uma história de conflito com o país. Desde a Segunda Guerra Mundial, vinha adotando uma posição de neutralidade em questões políticas e econômicas.
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